...que seja isto a atrasar (ou mesmo a deitar por terra) um sonho antigo.

(sistema de embraiagem automóvel)
Mas pode ser mesmo...!


saí às 4 da tarde, a Lisboa cheguei à meia-noite. Mas foi pelo meio que ficou o mais importante. O mimo, os beijos, as brincadeiras, o orgulho de já conseguir perceber o que a pirralha diz (ela insiste em fazer frases elaboradíssimas em linguagem bebé, o que torna muito complicada a tarefa de quem tem de descodificar o discurso... mas estou a chegar lá), ver os primeiros passos à séria do pirralho que agora já conta um ano, tirar fotos para mais tarde recordar, ... tudo. O comboio tornou tudo possível. Os quilómetros não custaram a fazer, mesmo com o cansaço imenso que há dias "pisa" o meu corpo. Foi bom. Do longe se fez perto por um dia. E foi muito bom. De alma lavava (também de corpo moído... mas com a alma lavada) venho de Coimbra, para enfrentar os desafios que aí vêm... e não são poucos. Espero que também aí da muita se faça "pouca-terra", seja de comboio, de carro, a caminhar...
guião, por exemplo; até porque há já mais de dois anos tenho um projecto iniciado - mas só mesmo pela "rama" - de uma sitcom ou algo do género. As personagens-base estão criadas, as situações mais ou menos idealizadas... mas a narrativa nunca avançou. De vez em quando, lembro-me disso mas sinto que não posso continuar esse projecto - pelo menos, já -, ainda que não saiba bem porquê e que muito me digam "Devias andar com isso para a frente! Tens jeito! Um guião humoristico era giro!". Há uns dias... finalmente, percebi. Não escrevo um guião, nem me lanço em alguns estilos de escrita porque... não sou "esquisofrénico". Eu explico. Parece-me, cada vez mais, que o guionista/argumentista tem de ser um pouco "esquisofrénico" (com multipla personalidade, com imaginação fértil o suficiente para criar várias "personas"); tem de "ser" um pouco todas as personagens que cria e que "põe a falar". A "culpa" é da senhora que se vê na imagem. A consciencialização de que não sou capaz de idealizar diálogos, não seria capaz de me colocar na pele de uma Lorelai Gilmore (tão bem interpretada pela bela Lauren Graham - na imagem) e, logo depois, "ser" um tipo qualquer que, machão, responde num tom seco e monossilábico às delirantes divagações de Lorelai. É-me intelectualmente impossível. Foi enquanto via mais um episódio dos DVD's que tenho vindo a comprar que me capacitei da minha incapacidade. Admiro Amy Sherman-Palladino, criadora da série "Gilmore Girls" ("Tal Mãe, Tal Filha"), por exemplo, por ter criado personagens tão ricas e por, no fundo, conseguir "ser" todas elas (masculinas, femininas, velhas e novas, rebuscadas ou simples). Eu não conseguiria.