De facto, há muito que já não sentia tanta falta desse baluarte dos ecrãs de todo o mundo, chamado Dolly Parton. Aconteceu ontem - e de que maneira! - e não posso dizer que hoje não haja por aqui ainda uma réstia dessa espécie de saudade. Porquê? Por uma questão de conceito. Ao contrário do que sucederá, certamente, com 99% da população que já terá ouvido falar da senhora, no meu "mundo", Dolly Parton não significa "farta cabeleira loira com muita laca e peitos grandes (ou... enormes seeeeeios!... como se preferir). Não. Para mim, Dolly Parton significa um conceito. Este.

Pois é. É do trabalho das 9 às 5 que eu hoje sinto saudade e de que eu ontem me lembrei o dia todo. É que hoje estou todo "partido" porque ontem me levantei às 6 da manhã para estar às 7 no trabalho, para às 8:45 estar no meio de uma multidão aos pulos num recinto barulhento. Mas isso até nem era o pior dos males. Às 10 estava em cima de uma mota a andar de "pendura" para a frente e para trás na Av. Lusíada, às 11:30 estava de volta ao mesmo recinto barulhento com uma multidão aos pulos... só que, tanto essa malta toda como eu... estávamos todos bem mais cansados que 3 horas antes. Tudo isso parou por minutos, eu dormi cerca de 10 minutos numa cadeira de escritório e pouco depois vestia-me todo aperaltado para - surpresa das surpresas - me ir enfiar num recinto barulhento com uma multidão aos pulos, não sabendo ainda por quantas horas. no caso, foram 7. SETE horas de (por ordem dos acontecimentos)... música muito alta, "arraial", ansiedade, nervos, gritos de frustração, mais ansiedade, corrida aos bares, corrida de regresso dos bares, mais nervos, mais gritos, uma explosão de alegria, mais "arraial", mais música muito alta, mais uma explosão de alegria, champanhe (de que não apanhei nem um pingo) e gente muito eufórica a comemorar. Tudo isto entre as 15 e as 22 horas em que, pelo meio de tudo que se ia passando, a minha missão era ir trabalhando o melhor que sabia, podia... e conseguia. Diria que foi... duro. Mas há compensações. Umas boas, outras só "parvamente engraçadas". De manhã, dei uma calinada que ascendeu directamente ao meu Top5: «Esperemos que este senhor consiga conseguir...». Gosto sempre de ter algo que torne um trabalho memorável...! E, no caso, a gaffe até tornou o instante "parvamente engraçado" no melhor momento de boa disposição pessoal de toda a matina. Já à noite, quando o "arraial" estava quase no fim (e depois de outras pequenas gaffes menos engraçadas mas também - ainda bem - menos memoráveis), estive com gente de quem gosto. Secretamente festejando o mesmo que eles festejavam, com o privilégio de o fazer com realmente "quem de direito" e, mesmo que ao de leve (e sem querer), ter tocado num troféu que sempre achei ser o mais bonito de Portugal e que ontem também era um bocadinho "meu". Memorável. Cansativo, duro... mas memorável. Sim... tenho saudades do trabalho das 9 às 5 que a figura da Dolly Parton me fez recordar, aqui e ali. Mas, neste momento, não trocava o que tenho agora por nada deste mundo.

Lá está. Eu sempre entendi que acontecesse... mas isso não quer dizer que concordasse. É que eu tenho - desde sempre - um "pequeno" problema. Em miúdo, gostava muito de passar as manhãs de sábado no sofá da sala a ver os desenhos animados que passavam na televisão. Ficava ali a manhã toda e não tinha vontade de me levantar para ir a lado nenhum... excepto quando a minha mãe se decidia a lavar o chão de mosaico do corredor, deixando-me "preso" na sala. Aí, sim, ficava com uma vontade incontrolável de sair do sofá e ir à casa de banho... ou à cozinha... ou mesmo à rua. Estragava o trabalho à minha mãe (que ficava furiosa) e eu sentia uma liberdade imensa... cheia de culpa, mas imensa. O mesmo sinto eu todos os anos por esta altura, em relação aos Ferrero Rocher e Mon Chéri. Até posso passar meses sem pensar neles... mas sempre que surge o aviso de que... "agora não há mais, por causa do verão"... é que me dá vontade de devorar o "chocolatame" maldito. Defendo, por isso, que o aviso comece a ser feito para aí um mês antes, de ora em diante; para que malta como eu tenha a chance de se saciar antes da retirada do mercado. Assim, a Ferrero ainda faz lucro, mesmo antes da "época baixa" de vendas e os palerma iguais a mim aproveitam para matar o vício, desperto com o anúncio. Talvez não fosse mau pensarem nisso já para 2008, amigos gestores da prestigiada empresa de chocolates.
