sexta-feira

Desculpa


Hoje realiza-se o funeral de uma colega minha de trabalho, que faleceu com apenas 28 anos. Nunca nada de bom vem de uma morte, acima de tudo quando tão permatura. Este caso não é excepção, apesar de saber que o fim do sofrimento prolongado possa ser algo de menos mau. Mas este falecimento faz-me lembrar também que somos todos imperfeitos e, pelo menos uma vez na vida, más pessoas, ainda que nunca admitamos realmente que somos (ou fomos) más pessoas. Aliás, até o mais criminoso dos criminosos dirá, acreditando piamente, que no fundo, no fundo... até é uma boa pessoa. Mas não é verdade que sejamos todos boas pessoas. Estou seguro é de que o contrário, sim, é. Eu sou (e fui) má pessoa. Há algum tempo, quando me foi dito que a minha colega estaria gravemente doente, eu duvidei. Simplesmente porque, no meu mundo, na minha área profissional, por vezes é-se capaz de dizer isso apenas e só para justificar uma ausência mais ou menos prolongada no tempo, de que se volta fisicamente diferente. Foi esse o meu raciocínio. Errado, evidentemente injusto e superficial. Perante isto, sou, inevitavelmente, má pessoa. Fiz o meu incorrecto juízo de valor sobre alguém que não conhecia e com quem pouco me relacionava; agora, essa pessoa não está cá mais. Pode sempre dizer-se que desculpas não se pedem, evitam-se (é uma frase que me irrita profundamente), ou que desculpas, neste momento, são escusadas. Ainda assim, só tenho a pedir desculpas. E é isso que estou a fazer.

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