sábado

Espanha, Cromo da Bola, Mierda, Tapas...
e o Regresso


Depois de ter sido "acordado" com um telefonema às 7:50 em que apenas me foi dito «Rápido! Põe uma roupita num saco... Vais para Madrid!»...

Depois de perceber que os meus dias (sem saber quantos) iriam ser passados sob um calor abrasador, numa cidade desconhecida...

Depois de, de facto, passar os últimos três dias (agora já é fácil fazer as contas) ob um calor abrasador, numa cidade desconhecida (e que acabei por não conhecer)...

Depois de um apertão imenso de seis longuííííííííssimos minutos no Aeroporto de Barajas em Madrid...

Depois de estar uma tarde inteira a falar de um cromo da bola e a contar com uma manifestação de adeptos de futebol que me daria bastante "matéria-prima" trabalhar e, na hora exacta, ela desmobilizar para outro lugar, deixando-me completamente à toa...

Depois de uma manhã com 36º(!) de temperatura, muita correria, muito stress, muita gritaria, muito palavrão em Castelhano, de ainda mais stress, de ainda mais correria, de ainda mais gritaria... e de um trabalho (miraculosamente) bem feito...

Depois de ter provado umas tapas... maravilhosas, de levar às lágrimas (de comer e "chorar" por mais)...

Depois de me aperceber que aldrabo imenso a falar com os espanhóis mas não tão mal assim que não me entendam (e, pelos vistos, suficientemente bem para até mantar belíssimas conversas com taxistas, transeuntes, empregados de café e mais quem me abordasse)...

Depois de ter conseguido trabalhar de igual para igual com profissionais de "outro" (melhor) gabarito...

Depois de ter dormido muito mal duas noites consecutivas devido ao calor (que também se sente - e de que maniera - mesmo depois do pôr-do-sol) em terras espanholas...

Depois de ter a meu cargo toda a contabilidade inerente às despesas de duas pessoas (logo eu que detesto mexer com dinheiro e papéis e tal)...

Depois de ter mudado um voo para poder ter mais uma hora de sono e isso significar mais de duas horas de cansaço (já que o voo seguinte atrasou dramaticamente)...
Depois de ter recebido um telefonema (ainda em Madrid - enquanto aguardava o avião) a "avisar" de que iria ter "visitas" na minha minúscula casa em Porto salvo, obrigando-me a gastar as minhas folgas a fazer arrumações e limpezas profundas num apartamento CHEIO de pêlos de gato...

Depois de chegar a Lisboa ainda com mais calor do que aquele que estava do outro lado da fronteira...

Depois de tudo isto (e apesar de tudo isto)...
... tenho de dizer que é bom regressar a casa.

terça-feira

Começo a aperceber-me...


... de que pago um pequeno balúrdio todos os meses pela maior, mais bem equipada e mais dispendiosa casota de gato do País... e, quem sabe, de todo o Mundo...!

domingo

O cúmulo da preguiça...


... é ter vontade (muita, por sinal) e não me levantar para ir mijar. Tenho a sensação de que isto, daqui a um bocado, pode correr "um bocadinho" mal. Não sei... digo eu...

sábado

Vain NewsPerson
ou, "Afinal, somos todos Narcisos"


Ontem, uma colega do meu meio profissional perguntou-me se eu achava que (todos) os jornalistas são vaidosos. Eu não respondi logo e fui pensando nisso à medida que a conversa se ia desenrolando mas não tardou muito para chegar a uma conclusão. Sim. Os jornalistas são, por natureza, vaidosos. Todos. Uns mais do que outros. Uns muito mais do que outros. Uns menos do que outros… E uns muito menos do que outros também. Mas são. Faz parte. E – digo eu – até é algo saudável que assim seja. A vaidade no jornalismo pode dar para “tudo”: desde o perfeccionismo ao desleixo e laxismo, passando pela boa apresentação, autocrítica, auto confiança (quando a coisa corre bem), comiseração, depressão, mau companheirismo e diminuição exponencial da qualidade do trabalho (quando tudo dá para o torto). Pessoalmente, eu gosto de ver o meu trabalho quando é publicado. Paro, vejo o que saiu, vejo se houve ou não houve erros, se foi bem assinado, se haverá coisas a melhorar… E gosto de ver. Dá-me um certo gozo, confesso. Tenho vaidade nisso e quando a imagem é boa, também tenho vaidade na minha boa apresentação (o que não é tão frequente quanto queria, mas… paciência). Há quem se veja – por de mais narcisicamente – e reveja e nem se preocupe com a qualidade do trabalho. Essa é a face “negra” da medalha. Eu também tenho dias assim… mas tento que não sejam todos e ainda bem que não são. No entanto, de não ser vaidoso nenhum jornalista pode gabar-se. Toda a gente gosta de ver o seu nome ou foto num jornal, da sua voz na rádio, da sua imagem na televisão, ou até de receber uma mensagem no telemóvel com feedback disso mesmo. Como já disse, faz parte, até do orgulho e do brio profissional. Tudo o que seja com “conta, peso e medida”…

quinta-feira

Pequenez*


* escrito a 20/01/'06, num outro blog, sob outro heterónimo, mas que acho ser sempre actual... vá lá saber-se por quê...


Perturba-me sobremaneira a pequenez. A pequenez não é uma coisa nossa. Não nos é intrínseca. Não nasce connosco. Mas cresce. Surge e cresce dentro de nós. E, paradoxalmente, quanto mais ela cresce mais nós nos tornamos pequenos. A pequenez não surge do nada mas sim do tudo que pensamos que os outros têm e que nós pensamos, igualmente, que devíamos ter e não temos. Caso não nos apercebamos disso, os ditados populares fazem sentido. “O seu a seu dono”, “A César o que é de César” e “Cada um tem o que merece” são, normalmente, ditos meio “da boca para fora” mas, bem vistas as coisas, bem que podiam evitar que a pequenez se apoderasse de certas pessoas que, por verem a relva do vizinho crescer mais verde e a galinha do lado ser melhor que a delas, insistem em pôr-se em bicos de pés para roubar um bocado do relvado do jardim do lado ou pedir a quem quer que seja para que lhes dêm uma galinha da mesma espécie, alegando que todos têm os mesmo direitos. Isso não faz sentido. Se temos uma relva mais fraquinha, há que tratá-la melhor ou ir à procura de melhores sementes. Se a nossa galinha é mais raquítica… se calhar é porque a alimentámos mal ou porque, talvez… seja essa a galinha que merecemos. Para falar a verdade, estou um bocado farto da máxima “se os outros têm… porque é que nós não podemos ter também?!”. Já cansa! Acho que a pequenez tem limites. E para mim, os limites estariam no limiar da “Tolerância Zero”. “Se és pequeno, cresce!”, apetece-me dizer, sempre que alguém se apresta para pular desalmadamente para dizer “Sou tão alto como tu! Olha tão alto que eu sou! Sou tão alto como tu! Já viste!?”. Não… Nem todos somos altos, nem todos somos pequenos. Mas nem uns têm de olhar de cima para baixo para os outros, nem esses têm permanentemente de pedinchar a sua “subida de nível”. Somos os que somos. E só seremos diferentes, maiores ou melhores… se merecermos sê-lo. Metam isso na cabeça as pessoas “pequeninas” deste mundo.

quarta-feira

Por estes dias...


…vivo com as minhas atenções repartidas e viradas para tanta coisa e tanto assunto que difícil, difícil é perceber em que pensar primeiro e/ou mais, em relação às outras coisas. Não é tarefa fácil. Muito menos é agradável. Mas a vida (também) é feita destes decursos temporais, em que somos simultaneamente o mais e o menos importante na nossa própria vida. Alguns exemplos… Uma intoxicação alimentar obriga-me agora a pensar duas vezes antes de consumir seja o que for, porque estou de dieta forçada pelos médicos e porque temo que algo que venha a comer ou beber me caia mal ou esteja estragado. Parecendo que não, isto transtorna muito a vida de uma pessoa que tem prazer em comer um pouco de tudo, sem imposições de quem quer que seja. Defino o meu futuro pessoal, saindo de mim (uno) para passar a ser 50% de uma unidade maior, o que obriga a pensar mais do que só em mim e muitas vezes menos do que os tais 50% que me estão “destinados”. Para ajudar, tenho a braços a definição do meu futuro profissional, que em muito influencia a situação pessoal já referida e que obriga a pensar em termos jurídicos, económicos, fiscais, profissionais (estatuto, carreira e tal…) que são coisas em que normalmente não se pensa e que, por isso, são um “bico d’obra” para qualquer leigo… que, neste caso, é só um gajo que quer trabalhar. Ao mesmo tempo que isto tudo, foi-me dada uma tarefa de grande responsabilidade que vou realizar pela primeira vez e em que quero (obviamente) ser bem sucedido; faltam apenas uns dias para que a tarefa chegue, pelo que os “nervos” me obrigam a matutar muito nisso. Penso, portanto, que há já um bom tempo não penso em mim, sem factores “inter-externos” a ocupar-me a mente. Por estes dias, tem sido assim. Mas ouvi dizer que há mais dias no calendário, que se seguem a estes, que podem trazer outras coisas, algumas mesmo… se calhar… para serem pensadas. Logo se vê… perdão… logo se pensa nisso.

domingo

Esta Sensação…


Estranhei começar a ficar inquieto, há pouco, já perto da meia-noite. No momento, não percebi por quê. Agora sei. Estou no mesmo local, na mesma casa, em que, há precisamente três meses (também a um Domingo), soube que tinhas adormecido para sempre. Também nesse dia andei inquieto, sem saber por quê, às voltas pela casa, até receber o telefonema que faria tudo ter sentido… mesmo aquilo que era simplesmente inexplicável. Passaram três meses. Mas não passa um dia em que não me lembre de ti. Basta-me entrar todos os dias no meu carro (novo, que nunca viste) e recordar que a primeira viagem de registo que fez foi há precisamente três meses, para que eu pudesse despedir-me de ti. Tenho saudades tuas. E sei que tu tens minhas. Se não, não me provocavas esta sensação que parece má mas, no fundo, acredito ser boa. O amor (seja sob que forma ou manifestação for) nunca fez mal a ninguém.

Será esta a função da idade?


À medida que o tempo avança, dou comigo a sentir-me mais experiente e a fazer tudo de forma prática, intuitiva, sem o recurso ao saber teórico. Aliás, dou comigo a esquecer-me da teoria que, no fundo, é a base da prática. O que me parece algo pior, confesso. Escrever, por exemplo, é para mim algo frustrante, ainda que muito libertador e fonte de um prazer diário enorme. Embora saiba aplicá-las, não me lembro das regras gramaticais. Esforço-me… mas não me recordo. Sinceramente. Sujeitos, predicados, substantivos, verbos, adjectivos, advérbios… certo. Mas não me peçam para reproduzir as regras e tal. A idade é tramada. E, nessa nota, falta confessar que, de vez em quando, me esqueço da forma correcta de escrever algumas palavras. Sei que “viagem” se escreve com “g” mas demoro um bocado a pensar se não será com “j”, por exemplo. É por essas e por outras que escrevo praticamente todos os textos primeiro no “Word” e depois os transporto para os outros programas ou para a net. Será esta a função da idade? Dar-nos a capacidade de fazer tudo sem pensarmos como se faz e dar-nos dores de cabeça quando, finalmente, tentamos parar para perceber melhor por que raio estamos a fazer as coisas de uma maneira e não e outra, por quê “assim” e não “assado”…?

sexta-feira

13


O mal que este dia nos pode fazer não está num qualquer azar que, por via de saber a quantas andamos no calendário, já antecipamos que possa vir a acontecer. Não. O "truque" do dia é ele "perceber" que há pessoas que não estão sequer preocupadas (porque não são supersticiosas, porque nunca lhes aconteceu nada de especial, porque acham que é um dia normalíssimo...) e permitir que o dia lhes corra bem... até quando, na hora menos esperada, tudo desaba. Neste caso, felizes aqueles que se acautelam desde madrugada, à espera que o azar lhes bata à porta, desde que se levantam da cama até que pousem de novo a cabeça na almofada. Os outros, incautos, sim, são surpreendidos com a negra malvadez de uma sexta-feira 13. Eu fui...

terça-feira

Good Morning!


Ainda a coçar os olhos de sono, entrei no corredor que desemboca no meu local de trabalho. Três passos dados e, ao fundo, um sorriso simpático de uma colega de há longos anos recebeu-me com uma jovialidade invulgar nas minhas chegadas àquela hora. Cedo percebi porquê. «Adorei o teu trabalho na Holanda! Cresceste muito em termos profissionais! Foi uma grande surpresa! Parabéns!». Ainda atarantado com os elogios em catadupa, agradeci, envergonhado mas com um sorriso que só a sensação de realização permite ter às 8:30 da "madrugada". Que bela maneira de começar o dia!...

***UPDATE***

Good Afternoon!

A início da minha tarde, com o sono a bater por ter acordado cedo e o almoço ter caído que nem uma almofadinha confortável no estômago (também ele sonolento), recebo o convite oficial e personalizado para ser colaborador deste blog, verdadeiramente aqui da vizinhança, por sinal um dos mais bem sucedidos blogs portugueses. Depois do elogio profissional da manhã, um elogio blogueiro vespertino... só posso dizer que a jorna me está a correr muito bem! Foi uma bela maneira de continuar o dia!...

segunda-feira

O "senhor" da IKEA


Sou um fã confesso do "Ideal IKEA", das boas ideias de soluções giras baratas para equipar e decorar uma casa. Só não sou é grande fã do "Ideal do Senhor Sueco Que Quer Que A Malta Ande Só Pelo Percurso Que Ele Quer E Não Por Outro Qualquer Dentro Da Loja". Sim... eu sei que o nome é um bocadito comprido mas não deixa de ser aquele que me parece que mais e melhor se adequa ao tipo "engenhoso" que um dia achou que todo e qualquer cliente das lojas da cadeia tivesse de andar que nem carneirinho, seguindo as setas que (curiosamente) se assemelham de uma forma tremenda a sinais de sentido obrigatório. Irrita-me solenemente que, inconscientemente, toda a gente aceda a fazer parte do verdadeiro rebanho que se passeia nesse sentido único enquanto cobiça os produtos expostos. Hoje fui lá comprar uma mesa, duas cadeiras e um pouf. Se andei pelo percurso pré-definido pelo dito "senhor sueco"...? Nãããã! Andei por onde me apeteceu, pelo meio dos sofás e dos móveis de cozinha, andei ao contrário de toda a gente, bati contra duas ou três pessoas, cortei por atalhos e voltei atrás umas cinco ou seis vezes para verificar os tamanhos de uns cestos que talvez venha a comprar em breve. Foi libertador, no mínimo! O "Senhor Sueco Que Quer Que A Malta Ande Só Pelo Percurso Que Ele Quer E Não Por Outro Qualquer Dentro Da Loja da IKEA" é que se deve ter passado um bocado. Paciência! Temos pena...!

sexta-feira

Lin


Não sei o nome dela mas posso chamar-lhe Lin, para conveniência deste pequeno texto. Chama a atenção de quem entra na loja mesmo antes de se passar a ombreira da porta porque articula com uma dicção curiosa um “Bôua Tááde!” simpático e claramente ensaiado para bem receber os clientes que logo a seguir hão-de procurar uma qualquer bugiganga ou objecto útil a bom preço. Ao lado dela, junto à caixa, uma senhora mais velha, também de olhos rasgados, também saúda quem entra, mas com ar bem mais sisudo e preocupado com o que as pessoas que deambulam pela loja fazem, o que vêem e se alguma coisa sai da loja sem ser pago. Lin não parece ter essa preocupação. Olha entusiasmada para um livro infantil português, de cores chamativas e bonecos sorridentes. Por momentos, deixo de a ver, porque as canetas de feltro que procuro estão no corredor mais ao fundo da loja… mas ouço-a. Lê cuidadosamente as letras que tem pela frente. Letras ocidentais que formam palavras que falam de um urso numa floresta encantada e de uma menina que com ele faz amizade. É audível o esforço que faz para que cada fonema seja dito impecavelmente, num Português praticamente sem mácula. Lin terá 7… 8 anos, não mais, de certeza. Fala com a “companheira” de caixa em Mandarim, como que descrevendo a história de amizade das personagens do livro que lê e regressa à leitura, cuidada, do mesmo em Português. À saída, com o dinheiro na mão para pagar, não consigo evitar falar com a pequena Lin para lhe dizer “Lês muito bem! Parabéns!”. Sem querer, provoco uma manifestação de embaraço. Lin olha para o chão e não reage ao elogio. Pelo contrário, a senhora mais velha aceita-o como se fosse para ela e, com um rasgado sorriso de orgulho, agradece, olhando para a menina ainda cabisbaixa de vergonha. Acho piada ao embaraço mas fico algo desiludido porque não era essa a minha intenção. Pago. Saio. Já na rua, oiço-a de novo, em voz bem alta: “Sinhô!! Bôua Tááde!!”. Olho para trás. Ela sorri e acena. Ganhei o dia. Com um sorriso asiático… em bom Português.

quarta-feira

Coisas que chocam

Há uns dias, uma pivot de notícias americana... como dizer isto com um termo técnico...?... passou-se em directo, durante um noticiário. Recusou-se a abrir o telejornal com a notícia da libbertação da Paris Hilton, rasgou e tentou queimar a alinhamento e voltou a rasgá-lo, como forma de marcar a sua posição.



Entretanto, já se justificou. No mesmo espaço noticioso.



Por mim, nem precisava, mas tudo bem. Não me choca nada que uma peça sobre a Paris Hilton não passe num telejornal, nem nos Estado Unidos, nem e Portugal, nem em lado nenhum. No entanto, há coisas que me chocam. Como por exemplo, os gajos que comentaram o video do YouTube... NO YouTube.







Não sei o que diga... Aquele aspectozinho, aquele discursozinho, aquele arzinho geek que chateia só de ver... e aquela tempinho livre (a mais) que permite dar-se ao trabalho de ser realizador de homevideos tão ricos quanto respostas audiovisuais online a videos do YouTube. Tudo isto me choca (quase) tanto quanto haver miúdas giras que sejam contabilistas. Mas só QUASE tanto, não tanto TANTO.

Nunca percebi...


... como pode haver miúdas que até são giras e que sejam contabilistas. A sério. Uma coisa não "cola" com a outra... digo eu...! Mas enfim... há sempre excepções que confirmam a regra de que há excepções às regras.

terça-feira

Silly Season


Para quem – como eu – trabalha na comunicação social, esta altura do ano é especialmente penosa. Chamamos-lhe a “silly season” (a “época parva”) porque, basicamente, passa-se pouca coisa (isto quando não acontece não se passar rigorosamente coisa nenhuma). Logo, não há nada a reportar, falando de forma literal, e nós também nos sentimos muito “silly’s” a tentar perceber se o dia será passado a “olhar para as paredes” ou a tentar procurar coisas com muito pouco interesse mas que possam ajudar a preencher uma certa quota (virtual, imaginária) de trabalho que todo o ano nos propomos a apresentar. O mais aborrecido é que continua a não se mudar o estaminé de trabalho para uma qualquer praia. A malta bem tenta mas o patrão (em sentido geral, ou seja, todos os patrões) mostra-se reticente e acaba por não aprovar a ideia. O que é lamentável. Se no verão está toda a gente na praia, a comunicação social tem de estar onde toda a gente está, porque é aí que há mais probabilidades de acontecer alguma coisa. E, em não acontecendo, sempre seria possível à malta aproveitar para deitar na areia ou dar um mergulho no mar. Chamar-se-ia a isso “alegria no trabalho” (“joy @ work”) e – digo eu – que seria o melhor remédio para esse mal de que padecemos dramaticamente, a “silly season”. Porque ninguém gosta de sentir-se “silly”. Muito menos no verão.

segunda-feira

Países a sério


Passar 20 dias na Holanda fez-me perceber que há países que se esforçam por serem bons países. Pequenos, mas bons. Toda a organização social, económica, urbanística e a ideia de que ter espírito nacionalista não significa forçosamente estar contra (todos) os outros povos são coisas notáveis que os holandeses fazem questão de demonstrar a toda a hora, até quando andam de bicicleta (basicamente, também isso, a toda a hora). As pessoas são de uma forma geral giras, simpáticas, prestáveis, conscientes do que têm para fazer e dizer e fazem tudo e falam com calma, as ruas estão sempre limpas, poupa-se combustível e o meio ambiente usando os transportes públicos e as bicicletas, não há grandes problemas de trânsito, não assisti a uma única discussão “acalorada” em que um holandês se envolvesse e o verde é a cor dominante da paisagem. Passados esses 20 dias regressei. Logo no Aeroporto de Lisboa, ainda sem as bagagens em minha posse, cruzei-me com uma senhora extremamente mal parecida, desdentada, agarrada a um telemóvel para o qual berrava “Augusta! Já ‘tou cá!!!!!!”. Na hora, mesmo cansado da viagem, desejei fervorosamente pedir ao piloto que me deixasse entrar de novo no avião para regressar de imediato a Amesterdão. Entretanto, esse desejo esvaneceu nos dias seguintes com o vislumbre de várias outras mulheres portuguesas (graças a Deus, bem mais bonitas, bem mais vestidas e bem mais “morenamente” latinas) e com o bom tempo a permitir umas idas retemperadoras à praia. Agora, estou de novo pronto para voltar para a Holanda. Faço zapping ao fim da manhã e apanho com o Cláudio Ramos na sua habitual verborreia louca, a falar de tudo que é nada, de todos que são ninguém (como ele… ela… não sei…), do que importa para ele mas que nada interessa ao saudável correr do mundo. Preciso de viver num País melhor que isto. Portugal tem tudo para ser pequeno mas bom... só que não é. Não há sequer esforços (visíveis, pelo menos) nesse sentido. Espero sinceramente que Portugal ainda vá a tempo… mas não sei se vai...!