segunda-feira

Back to "Normalcy"*


A chamada normalidade tem (sempre) um valor relativo. Por muito que tentemos fugir da banalidade de uma vida normal, regozijamos sempre que voltamos a ela, após um periodo de agitação e falta de rotina. Faz parte das idas e voltas que temos na vida. Se é bom sair, fazer e ver coisas diferentes, talvez seja ainda melhor voltar a casa e gozar o (des)conforto do sofá, como em todos os outros dias (banais) do nosso quotidiano. Estou a viver essa fase agora, embora confesse que a normalidade tem, para mim, mais do que simplesmente um valor relativo. Gosto de ser caseiro e a normalidade sabe-me bem. Pena é que, mesmo tendo voltado a casa, ainda não tenha realmente voltado à normalidade, tal é a desarrumação que reina pelas várias divisões do apartamento (roupa, papéis, parafernália de toda a índole que já tinha ficado desarrumada antes de ir para a Suíça e que ainda não tive capacidade para organizar). Enfim. Ainda assim, é bom regressar ao "cantinho" (citando o meu pai: «Nossa casa, nossa brasa!»), comer aquilo de que gosto às horas a que me apeteça (sem esquecer de que estou mesmo decidido a emagrecer), beber café de filtro feito por mim, aturar o gato que continua parvo, estar no meio dos objectos que tornam a casa em lar e, sim, sentar-me no sofá que afunda como o raio e já pede sucessor.



* - Os americanos (quem mais poderia ser?...) têm esta palavra curiosa que um presidente [Warren G. Harding] decidiu usar há mais de meio século, por sua própria iniciativa, em vez de normality. O que é certo é que a palavra acabou no vocabulário "inglês" (muito embora os verdadeiros ingleses se recusem a reconhecer o vocábulo) e, na realidade, grande parte do povo dos Estados Unidos já nem sequer usa o termo correcto normality, que desconhece, pois o "presidencial" (e pouco... normal) normalcy é mais simples de dizer. Afinal, George W. Bush não é inovador. Só nos neologismos que vai criando - cada um pior que o outro.