sexta-feira

Um dia de sol

Eu sei que vai parecer conversa de gajo mulherengo, mas arrisco a colocar aqui este pertit rien...
Adoro andar (ou conduzir) pela cidade em dias assim, solarengos. Porquê? Por todas as razões (que se prendem com os cheiros, os sons, a luz e as sombras - algo que aqui trarei em breve, certamente)... e mais uma. Que belas ficam as mulheres desta cidade sob a luz e o calor do sol que banha as ruas, as praças, os jardins e as esplanadas...! Sorriem mais, "luzem" mais... (nem sei se a palavra existe) "charmam" mais... É um prazer percorrer ruas cheias de tanta beleza!...

quinta-feira

Sensação estúpida de agri-doce

Estou destroçado. Ou melhor... não estou DESTROÇADO. Estou imensamente triste. Quer dizer... IMENSAMENTE... também não é bem verdade, porque nem sequer posso afirmar que estou triste. Estou... sei lá. Frustrado... acho que sim... acho que é isso. Acho que o que sinto é frustração.
O mais estúpido é que tudo isto é por um motivo algo fútil. Futebol. Há praticamente dois anos que ansiei por um momento... que não vou presenciar. A maior alegria que um adepto de futebol pode ter estava "ali" e eu podia ir até "lá"... mas não. A maior alegria que um adepto de futebol pode ter vai estar "lá" e eu... não vou poder ir "ali".
A equipa que acompanho (e com quem mantenho uma relação de trabalho quase voluntário - tal é a dedicação e gosto em fazê-lo...) apresta-se para viver o momento mais alto de toda a sua (longuíssima) história. Ao fim de 112 anos (e no dia do seu próprio aniversário) poderá chegar ao topo. Tudo se conjuga para que isso aconteça e as hipóteses para que a festa não aconteça já este sábado são remotíssimas.
O apito final que eu tanto queria ouvir e ver acontecerá por volta das 6 da tarde de sábado, a 178,5km do nosso estádio,... onde eu estarei, longe e "perto" do que se estiver a passar no outro relvado que não aquele que terei à minha frente. A essa hora (se tudo correr pelo melhor), caber-me-á a mim alertar a cidade de que a hora é de festa e começá-la, até que os heróis cheguem ao relvado que lhes serve de casa domingo-sim, domingo-não. Essa função "cai-me no colo" a pedido da própria direcção do clube e eu... tive de dizer que sim. A responsabilidade obrigou-me a isso.
Bem sei que a minha participação será importante (mais do que se fosse "mais um" no meio de uma claque na bancada) e que estão a confiar em mim... mas sinto-me frustrado por ter criado uma expectativa (de ir e presenciar - sem qualquer preocupação que não a de rejubilar de alegria - um momento que se espera verdadeiramente histórico) e de não a poder confirmar.
Enfim... estarei a vibrar, como disse... longe e "perto". Estarei a acreditar... sem ver, como um verdadeiro adepto deve acreditar, piamente.
Se calhar, estou assim porque soube disso há pouquinho e ainda não consegui digerir esta sensação estúpida de agri-doce que sinto agora. Daqui a umas horas... talvez amanhã... ou... só no próprio sábado (quem sabe...)... pode ser que já esteja de bem com esta situação. Afinal, o mais importante é que o momento aconteça mesmo... para que haja razão para eu animar a festa de todos aqueles que, no sábado, estarão "longe e perto"... como eu.

terça-feira

Please... hold...

Esperar nunca foi o meu forte. Tenho-me como uma pessoa algo impaciente e sem grande "talento" para evitar que a curiosidade leve a melhor sobre a calma necessária a quem obrigatoriamente tem de aguardar pelo desfecho de alguma coisa. Agora estou à espera. Não gosto. Mas estou à espera. Não se tratasse de um dos maiores passos da minha vida e nem sequer consideraria essa hipótese de ter de pôr tudo o resto em posição de "hold" (ou "stand-by"). Mas estou a fazê-lo, mesmo que sinta que isso não é inteiramente justo para mim, porque acredito que, no final deste periodo de núvens... o sol poderá brilhar muito mais do que até agora já brilhou. Se não acreditar nisso... não vale a pena acreditar em mais nada.

quinta-feira

Devo preocupar-me...?

Todas as quintas-feiras jogo futebol, ao fim da tarde. Jogo banalíssimo, entre colegas de trabalho que pouco melhor sabem jogar do que eu (pelo menos é assim que eu gosto de pensar, já que eu estou muito longe - mesmo muito longe!... - de ser um Ronaldo ou um Baggio). O que noto é que, de há umas quintas-feiras para cá, sinto cada vez mais vontade de jogar pelos motivos errados. Conto os dias, de sgunda a quanta, para que chegue a hora de ir mandar umas caneladas para deitar cá para fora as frustrações do meu dia a dia. Chego ao pavilhão e acabo fazer o mesmo de sempre: jogo mal e falho golos; cacetadas... zero. Bom... do mal o menos, não magoo ninguém nem a mim, nesse meu processo algo auto-destrutivo. E é com esse que eu ando meio preocupado. Ou será que não devo...? Pelo menos, parece-me é que tenho rapidamente de dar uma "chocalhada" na minha vida, para evitar estas "quinta-feirites".

Que bom...Ligar o radio e...


...-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho

Essas miúdas das escolas secundárias
Já fumam ganzas na paragem do eléctrico
Conversas parvas com mais buço que pintelho
Não dizem duas quando estão ao pé de ti

o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho

O que elas gostam de te ver e de cheirar, o teu perfume patchouli
O que elas gostam de te ver e de cheirar, o teu perfume patchouli
O que elas gostam...


Foi isto que eu ouvi, quando liguei o rádio do carro, logo a seguir ao almoço.
E que bem me soube, para esquecer por 3 minutos a verdadeira desgraça que está a ser o meu dia.
Obrigado, Grupo de Baile!

Inquietude

Ando assim há vários dias. Agitado, inquieto, ansioso... sei lá. Ando qualquer coisa que não consigo definir e que só se assemelha àquela sensação de que - façamos o que façamos - parece que nos falta qualquer coisa, que algo ficou por fazer... ou de que nos está para acontecer alguma. É uma sensação tão difícil de definir como de sustentar. Não sei de onde (nem por que) vem, não sei quando se irá embora. Por agora (e há já um tempo "valente"), está comigo e não me deixa. Começo a ficar realmente cansado deste sobressalto que não o chega a ser...

quarta-feira

Matina

Hoje acordei uma hora mais cedo. Um compromisso inadiável lá para meio da tarde ditou que eu tivesse de chegar ao trabalho mais cedo do que o costume. Ok... uma hora não é assim uma coisa tão fora do comum como isso... mas, para quem se habitua facilmente aos horários, qualquer mudança é uma verdadeira novidade. Para falar a verdade, já não me lembrava de conduzir na cidade ANTES da hora-de-ponta, quando as pessoas andam com um ar mais estremunhado e com o nariz avermelhado por causa do frio. A essa hora ainda se vêem os padeiros, os pasteleiros e os distribuidores de mercearia a fazer as suas entregas, os trabalhadores da construção civil a "pegar ao serviço" e os homens da Câmara a terminar a limpeza das ruas. E os escapes dos carros deitam um fumo/vapor branco... Enfim... pormenores. O resto não dá para ver bem... porque ainda não é hora para os olhos (neste caso, os meus) estarem abertos a 100%... mas não faz mal. É certo que quem acorda todos os dias a estas horas não partilha o meu fascínio e estou convicto de que eu próprio não o faria, caso fosse essa a minha hora habitual de despertar. No entanto, uma vez por outra... sabe bem ver tudo diferente. Mas só de vez em quando!... Certa, certa... é uma coisa. Amanhã já não conto acordar tão cedo.
: )

sexta-feira

"Miss" Ramalho

Acho que todos temos uma "miss" Ramalho nas nossas vidas.
A "minha" "miss" Ramalho chama-se mesmo assim. Bem sei que não devia aqui trazer o nome real dela, mas acho que não virá mal ao mundo por isso. "Miss" Ramalho foi a minha professora de Inglês no 12º ano (daí o "miss", claro). Uma figura estranha, no mínimo. Olhando para ela - agora que penso nisso - assemelha-se a uma coruja de enormíssimas dimensões que não passava despercebida a ninguém. Um peito imenso, uns óculos super graduados e um cabelo muito curto, muitas vezes cortado à máquina, quase rente... Era, de facto, um "cromo" lá do liceu; uma imagem que cultivava (nunca percebi se inocentemente ou de propósito) com um sem número de excentricidades incompreensíveis. Nas aulas, tratava mal toda a gente, apagava com o peito aquilo que tinha acabdo de escrever a giz no quadro, dizia palavrões e "passava-se" quando alguém chegava atrasado ou não sabia a resposta a uma pergunta sua. Na rua, andava sempre sozinha, de chapéu de chuva em punho (fizesse sol ou chuva) e com um caminhar absolutamente característico dela. Rumores diziam, na altura, que ela trazia sempre, na mala, uma camisa de noite, para o caso de ser atropelada (algo que já lhe tinha acontecido em jovem) e ter de ir para o Hospital... A verdade é que, regra geral, a "miss" Ramalho era uma figura odiada lá no liceu. Por mim, não foi. Sempre achei muita piada áquela excentricidade toda e até acabei por cair nas boas graças dela. Tratava-me pelo nome de família e só eu é que podia operar o videogravador quando tinhamos de ver o filme "The Great Gatsby". Enfim... ela, de facto, era uma excelente professora, pelo meio dos palavrões e alterações súbitas de humor; sabia como ensinar, mas os alunos não sabiam como aprender com ela. Eu, mesmo sem perceber como, acabei por saber lidar com ela e lucrar com isso, aprendendo mais naquele ano do que em muitos outros.
Hoje voltei a vê-la. Passei por ela, no meu caminho para o almoço. Nos curtos segundos em que o os vidros do meu carro me permitiram ver a figura, apercebi-me que "miss" Ramalho continua na mesma. Mais grisalha, é certo, mas com a mesma mala, com o mesmo chapéu de chuva, com o mesmo andar... Imagino se aínda insultará os alunos que chegam meio minuto depois do toque ou se ainda não se terá apercebido que apaga o quadro ao mesmo tempo que nele escreve... e quem será que opera o video para ver o "The Great Gatsby"?...
Foi bom vê-la, "miss" Ramalho. Aprendi muito consigo. Obrigado.

Depois da tempestade...

...nasce um dia com sol e tudo muda. Mesmo que chova, depois deste amanhecer,... o sol já cumpriu a sua função.

quinta-feira

E... que tal...

...se parasse tudo, nem que fosse só por um bocadinho? Não vou elaborar. Não me apetece. Só me apetecia que parasse tudo. O mundo, o som, o vento, as pessoas, os pássaros... sei lá... tudo. Talvez assim fosse possível o que nunca é possível: esvaziar a mente, não pensar em nada, ser puro, não ter uma preocupação que seja, não fazer disparates e, simplesmente, deixar passar esse momento, em silêncio. Era bom...

sábado

"Coisas" lindas...

... as mulheres escolhidas pela Nivea para as suas imagens publicitárias.
Se Deus fez as mulheres bonitas (e sem dúvida que fez), a Nivea soube sempre escolher aquelas que - sem serem as mais quentes sex-symbols - nos fazem crer que um simples sorriso basta para desarmar quem quer que seja. Basta andar na rua e admirar um qualquer cartaz da "marca azul". Eu fico desarmado. O resto das pessoas, não sei. Mas eu fico.

sexta-feira

Beijo de Bom Dia

Esta manhã, no caminho para o trabalho, cruzei-me com a minha irmã, que vinha a pé do infantário onde foi deixar a minha (fantástica) sobrinha. Não só apitei e acenei, como também estacionei o carro em cima do passeio e em cima da passadeira, "aproveitando" ainda para congestionar o trânsito que seguia atrás de mim... só para dar um beijo de bom dia à mana. Tudo o que acabei de descrever, só me apercebi que tinha feito quando a minha irmã, meio atrapalhada, me fazia sinais para que eu fizesse a manobra para seguir o meu caminho, sem bater noutro carro que lá viesse. «A confusão que eu armei aqui no trânsito!... Se fosse outro gajo a fazê-la - naquele sítio -, eu mandava-lhe a minha "melhor" apitadela!!!», pensei eu, logo que engrenei a 1ª para sair dali. Ninguém me apitou. Mas também... se apitasse, nem sequer me importava. Acho que é nestas pequenas "inconsciências" que vemos quão irracional é o amor que temos pelos nossos.

quinta-feira

Three Feet Tall Mad Max

Ontem estacionei o meu carro e, mal fechei a porta, quase fui "atropelado" por três miúdos lá da urbanização que, nas suas bicicletas BTT, fingiam ser grandes motoqueiros. Faziam os sons das potentes "máquinas" que conduziam e, ao passar por mim, até puseram "uma abaixo" para andar mais depressa (pelo menos, foi o que me pareceu, pelo som do "motor" da "mota")... Achei piada. Quantas vezes não fingi - na meninice - ser bombeiro ou polícia (sirenes poderosas!...), indio ou cowboy, piloto de Formula1 ou dos impressionantes e supersónicos aviões a jacto...? São tempos giros. Em que somos tudo o que queremos, tudo o que sonhamos e tudo o que facilmente fingimos ser. E uns anos depois... podemos ser ou não ser aquilo que quisémos, sonhámos ou fingimos nessa altura, mas de certeza que não evitamos, pelo menos, esboçar um leve sorriso ao vermos os jovens "motoqueiros" que quase nos atropelam, logo que estacionamos o carro, ao chegar a casa do trabalho.

segunda-feira

Será que a VISA já se lembrou...?

Passar um bocado, à noite, à beira-mar, a ver as estrelas (algumas cadentes) no céu, a ouvir o som (meio contínuo, meio sincopado... mas sempre eterno) das ondas que nascem, se formam e rebentam junto ao areal e... sentir o cheiro à maresia. Não há dinheiro que pague. É... "priceless".

sexta-feira

...mirror, mirror... on my car...

Já lá vai um tempo, mas nunca mais deixei de pensar nesse episódio. Saí do trabalho, já era escuro (ainda era Inverno) e chovia, ora forte, ora aquela chuva miudinha. Era à vez. O dia tinha corrido particularmente mal, embora não fosse um daqueles que julgamos nunca mais esquecer como sendo o exemplo de uma "dia maldito". Não. Foi só mais um dia mau.
No trajecto para casa, no carro, lembro-me de ir com a cabeça apoiada e de parar num semáforo. Acho que foi institivo, olhar pelo espelho retrovisor... não sei. Olhei e vi - ainda que iluminadas em tons de vermelho, por causa dos meus "stop's" - duas caras. Uma de um homem, outra de uma mulher. Estavam a olhar para lados opostos. O homem, ao volante, olhava para o que se passava (nada...) fora da sua janela. A mulher fazia o mesmo, para o lado direito. Estavam - acho eu - em silêncio. Quero dizer... estavam calados. Não sei se o rádio estava ligado, se havia outro qualquer som no interior daquele carro... só sei que aqueles dois, claramente, não estavam a comunicar entre si.
Não pude evitar pensar que aquelas duas pessoas mantinham uma relação, mesmo que só "oficialmente". Marido e mulher... parentes... conhecidos... sei lá.... se calhar até eram só duas pessoas que estavam a partilhar uma boleia. Só sei que a imagem dos olhos que fugiam para "cantos opostos do ringue" me perturbou. Estariam zangados? Aborrecidos? Vazios? Sem assunto? Porquê? Quem seriam eles... um para o outro? Por que razão estariam eles, com cara de enfado, a olhar para onde nada acontecia a não ser a queda de uns pingos de chuva (daquela que "molha tolos"...)?
Fixei-me na ideia "marido-mulher". Achei que era o mais lógico. Vi-os assim. Como esposa e esposo, partes integrantes de um casal disfuncional, que não comunica, nem ao fim do dia de trabalho, quando se vêem pela 1ª vez antes de ir para casa partilhar a mesa em que se a família se reúne (ou não...) e a cama em que dormem. Que estranho...! Por que seria que não havia palavra ali?...
O verde "caiu". Os carros à minha frente e ao meu lado andaram e o homem que eu olhava pelo espelho apitou-me, com ar de quem não estava para aturar a minha distração. Arranquei finalmente. O carro (e o casal)... não vi mais. Mas sei que arrancaram também, claro. Na última imagem que guardo, ele conduzia olhando em frente e ela ainda olhava para o lado, como se fosse a mesma coisa o carro estar em movimento ou parado. Continuei o meu caminho mas não deixei de pensar no que tinha "visto" (ou imaginado... não sei bem...). Eu "vi" um casal disfuncional, sem nada para dar um ao outro. Mas... que será que vêem os outros quando, num semáforo ou num STOP, - sem que eu perceba - me vêem a mim, pelos espelhos ou janelas dos carros deles...?