domingo

Tchau 2006

Este ano...

... começou com um "nevão" que tornou o areal da Figueira da Foz numa espécie de encosta da Serra da Estrela, o que me fez lembrar que em 2007 passam 25 anos da minha última passagem pela Alemanha e que essa seria uma boa oportunidade para lá voltar.

... começou com muito (MUITO!) trabalho; durante a semana, dois empregos... o despertador a tocar de madrugada, os pequenos-almoços inexistentes, as viagens de comboio ainda hoje (e sempre) odiadas e só toleradas pela inevitável rendição ao cansaço e consequente sono dormido tanto na ida como no regresso, os almoços todos tomados "a correr", a alternância entre um trabalho que gostava muito e um que detestava solenemente nem sempre com bons resultados e, claro, uma fadiga tremenda; ao fim-de-semana, o... terceiro emprego, esse sim de um grande gozo e brio profissional, a fazer viver uma ambição antiga, que mais tarde haveria de dar frutos.

... vivi ilusões e desilusões, porque percebi que muitos dos ditos "profissionais" não passam de autênticos artolas com algum poder e que os verdadeiros profissionais são aqueles que cedo percebem que não sabem tudo e todos os dias tentam aprender algo de novo.

... tive um programa de rádio que durou pouco, que deu mais prejuízo e trabalho do que gozo mas que, ainda assim, deu gozo suficiente para recarregar baterias, para ensinar coisas que sei que alguém vai usar no futuro e perceber que o comunicador em mim, afinal, não tinha morrido.

... aceitei um enorme desafio profissional, não sabendo muito bem com o que contar e, por isso, optando por contar com pouco. Deixei "tudo" para trás (casa, vida pessoal, família - que só posso agora ver de tempos a tempos -, ... o passado...). O desafio não está ainda ganho mas o investimento está a dar "lucro" evidente. Pessoal e profissionalmente cresci imenso e penso que o futuro é agora claramente mais risonho.

... aprendi coisas com os melhores, assisti às intrigas dos piores, recebi elogios de quem não esperava receber, recebi críticas de quem não esperava sequer que me conhecesse (até apareci numa revista nacional, a "levar na cabeça" de uma mentecapta "crítica de televisão" - leia-se, aziada desempregada da televisão) e de quem esperava no mínimo camaradagem e não simples e reles "dor-de-cotovelo".

... fui Enviado Especial no estrangeiro pela primeira vez. Fui "chefe" pela primeira vez. Narrei (não li, narrei) lances de futebol pela primeira vez... e devo tê-lo feito bem, porque agora faço isso numa espécie de "segundo emprego" que já tenho. Ah... e um "terceiro emprego" pode estar a caminho.

... mudei de casa... três vezes! De Coimbra (por falar nisso, estou cheio de saudades do dia-a-dia da "minha" cidade...!) para Massamá (essa terra de grande progresso), depois para Oeiras e ainda para Porto Salvo. Custa tanto andar com a casa às costas!...

... iludi-me e desiludi-me com a minha escrita. Continuo a achar (narcisicamente, talvez) que merece algo mais que ecrãs de computador, mas o feedback tem sido praticamente nulo, mesmo quando a criatividade parece saltar-me pelas órbitas oculares e pelo canal auditivo, como nos filmes de desenhos animados.

... fui padrinho da minha sobrinha, que continua a arrebatar-me com tudo o que faz e (já) diz. O meu sobrinho foi baptizado no mesmo dia e é já um "atleta" com uma energia fantástica. Todos os dias me orgulho deles, mesmo que esteja longe.

... senti-me impotente para poder ajudar uma amiga que, ainda que decidida a safar-se sozinha (e bem capaz de o fazer), merecia ter mais apoio, nomeadamente meu.

... acaba para mim com esperança mas também medo. O mesmo medo que tinha à saída de Coimbra, o mesmo medo que senti à chegada a Lisboa, o mesmo medo do meu primeiro dia de trabalho, o mesmo medo que ainda hoje sinto em alguns serviços de maior responsabilidade, o mesmo medo que me faz tentar tomar todas as decisões da forma mais sensata (e menos emocional) possível. Um medo positivo, que me tem rendido ponderação, segurança e evolução.

... parece ter sido "só" trabalho. E, na verdade, foi quase. Mas não foi só trabalho e ainda bem que assim foi. A quem fez do meu ano um 2006 pessoalmente mais rico... muito e muito obrigado.

Agora acabou. Que venha 2007.

sábado

Filho és... Pai serás...


Por muito que uma data de gente ache isto meio estranho, eu sei exactamente o momento a partir do qual senti que quero ser pai. Do dia exacto (da data)... confesso que não me lembro, mas recordo-me que foi num sábado de manhã. Quanto à situação, essa, tornou-se inolvidável. Um torneio de futebol infantil (da categoria de "Escolinhas"), com miúdos do Sporting, do Porto, do Boavista e de mais uns quantos clubes. Putos todos giros, com gel no cabelo, equipadinhos a rigor e com pinta de craques adultos mas com cara de pirralhos... que eram, de facto. Por mim, não precisei de mais. A partir daí - qual "click" -, soube... e sei que ser pai é uma espécie de chamamento, ao qual, mais tarde ou mais cedo, terei de me render. E fá-lo-ei com gosto e com o maior sentido de responsabilidade possível. Talvez por isso me custe tanto saber de casos de crianças mal tratadas, mal nutridas, ... que mal têm a chance de viver. Vai uma grande distância, do sorriso de um puto que marca um golo num jogo de futebol infantil e o choro de uma criança que sofre, seja por que motivo for. Sim, quero ser pai. E quando acontecer, quero ver sorrisos... muitos. Porque todas as crianças merecem sorrir.

sexta-feira

Cinzento


O céu voltou a estar cinzento... Estava a correr bem, aquela coisa do frio seco, do vapor a sair pela boca quando respiramos, do nariz que pinga mas sem espirro, com o solzinho a brilhar todos os dias... Agora já não há nada disso (e logo por alturas da Passagem de Ano que - como se sabe - não vai tão bem com tempo "molhado"). O céu voltou a estar cinzento... e eu estou cinzento com(o) ele.

quinta-feira

Portugal: País Produtivo


Portugal sentiu-se... orgulhoso quando foi considerado o 11º país mais rico da CEE, quando a "Europa" era... a 12, só com a Grécia a ser pior que nós. Agora, pelos vistos (diz o Sr. Primeiro-Ministro), estamos felizes por sermos os 18ºs de entre os 25 que compõem actualmente a União Europeia, tendo sido recentemente ultrapassados pela Rep. Checa, a Eslovénia... e o Chipre. É bom saber que somos um país que produz riqueza... acima de tudo com alguma felicidade à mistura. Esta manhã, fui cortar o cabelo. Sim... este twist tem a ver com o assunto...! Em todo o tempo que lá estive, a única conversa tida entre os empregados e as empregadas do salão foi a de quantos feriados vai ter 2007. Lembro que 2006... ainda não acabou! No entanto, pelo menos ali (mas desconfio que em muitos mais sítios), já só se pensa em quantos dias não se vai trabalhar, de entre feriados, férias, "pontes" e demais dias fora do "normal", em que o ócio acabe por imperar. Não sendo nem querendo ser um (bom) exemplo para quem quer que seja, lembro que desde Março até hoje, não tirei um único dia de férias, não faltei vez nenhuma sem aviso prévio e só me ausentei por extrema necessidade. Pronto... é certo que estou fatigado ao ponto de ser por vezes difícil manter a concentração necessária no trabalho, mas tenho a certeza de que a minha produtividade é elevada, o que é bom para mim e para a empresa que me contratou. Quantos feriados terá 2007... não sei. Se vou gostar de gozar feriados... vou, de certeza. Mas não penso nisso, muito menos agora. Não vejo a hora de meter férias... isso também é certo. Mas logo se vê quando serão marcadas. Até lá e depois disso a intenção é... produzir. Será assim tão estranho?...

quarta-feira

Senhores da TMN:


Caso estejam a ter uma certa sensação de "déja-vu", tenho a esclarecer que... não estão. Esta é mesmo a segunda carta que vos ecrevo e não a repetição de um momento já vivido em Outubro. Acontece que, se bem repararam, o dinheiro corespondente às facturas do telefone e internet chegadas neste mês de Dezembro já entrou na vossa conta bancária e - assinale-se, porque é o mais importante - ANTES da data limite de pagamento! Verdade! Vejam lá bem isso porque, não sendo inédito, também já não acontecia há muito (mesmo muito) tempo! O que quer dizer que voltei a ser o que vocês chamam de "Bom Cliente", bem comportado, gastador e, acima de tudo, com guito para pagar as contas. Mais. No Natal mandei muitas mensagens (eu sei que vocês gostam disso) e planeio mandar mais umas quantas antes da Passagem de Ano (infelizmente - na vossa perspectiva -, tenho de o dizer, menos que no Natal). Também mandei um ou outro SMS pelo cartão da placa da internet, o que acrescenta uns trocos ao valor fixo já cobrado mensalmente pelo serviço (que até nem é nada de especial) e, claro, sempre há as chamadas de trabalho que eu poderia fazer na empresa e que por vezes faço do meu telefone, "engordando" a minha conta do mês. Faço tudo isto para vos agradar. Quanto a Vossas Excelências, está visto que não dão grande cavaco a este meu esforço, claramente. Nem mesmo quando, na outra carta, me prestei (e cumpri) a fazer-vos publicidade gratuita. Em troca recebi um telefonema em que me propunham (sem grande subtileza, diga-se) a passagem para a cobrança por débito directo, o que supostamente acabaria com os meus atrasos no pagamento. Meus caros... Se eu me atraso é porque na hora de pagar NÃO TENHO o dinheiro para vos pagar na conta! Não é porque não me apeteça pagar logo. É porque não há guito. Logo, passar para o débito directo... é a mesma merda, não acham? Bom... Mas tudo se resolve. Ao débito directo não adiro e vocês não me podem obrigar e quanto aos pagamentos deste mes... aprveitem o facto de ter ido a tempo e horas. Pode ser que não aconteça muitas vezes, tá?... Ah... e desta vez não há publicidade grátis para ninguém. Boas Festas e Feliz Ano Novo!



PS: Senhores da TV Cabo,... esta carta também é para vocês (excepto na parte do débito directo, porque vocês não ligaram a chatear-me por causa disso).

segunda-feira

@home & tired


2 3/4 dias...
...630 km...
...várias horas dormidas a menos...
...dores de cabeça sofridas a mais...
...4 refeições fartas e outras 3 menos fartas...
...e uns belos quilos a mais depois... estou de volta a casa. E há "um certo" cansaço em mim. Não espanta... mas chateia.

domingo

Avó


Escrevo este texto na presença de Rosa, a minha avó, mesmo que ela não esteja a ver que letras aparecem no ecrã deste monitor. Está sentada num cadeirão muito almofadado, com um ar algo.. perdido. Rosa, 84 anos, uma vida cheia de agruras, de trabalho, de privações, de um casamento algo infeliz, talvez. Uma vida inteira a cavar terra para ela e para outros, os tais que até há bem pouco tempo lhe batiam à porta para ir ajudar na apanha da batata, na vindima e mais sei lá no quê. Tudo coisas que fez em miúda e em graúda. Aprendi a ver como normais as conversas sobre as idas para o Ribatejo para trabalhar, com o meu pai, com as minhas tias, com outras pessoas da terra e de outras terras também. A fazer lembrar que eram injustamente duros os tempos chamados do "Antigamente". Histórias de uma sardinha partilhada pelo pais primeiro, pela mãe (ela, Rosa) e pelos filhos depois... Agora não gosta da vida dela. Está velha. Confirma-se... 84 anos são velhice na certa. É certo que é aborrecido já não poder andar como dantes, cavar como dantes, estar em casa própria como dantes. O Lar da 3ª Idade não lhe agrada, não tem borralho para se aquecer com "aquele" cheiro a fumo; lá não tem as "amigas" - de língua muito afiada - da aldeia (isso talvez até nem seja mau de todo... digo eu... mas ela decerto não concorda); lá sente-se velha, mais velha do que é. Contra isso não posso fazer nada. Gostava de a poder "trazer" de novo para casa, pagar a alguém que a acompanhasse... mas não posso. Dou-lhe beijos, abraços, brico com ela, "puxo" por um sorriso que nem sempre é fácil de "sacar". Mais não posso. Estou com ela agora. Está estranhamente calada para uma tarde/noite de Consoada. Fala finalmente para tentar saber as novidades trágicas da terra, para saber quem morreu nos últimos tempos nas redondezas. Enfim... É a única avó que me resta. Na verdade será dela a imagem de todos os meus avós que levarei pelo percurso da minha vida. Rosa, pequena grande mulher, das mãos gastas, cansadas mas ainda bem que não trémulas. Mão macias que gosto de sentir na minha cara, quando também eu passo a minha mão na cara dela.

"In the back of my mind"


Foi já à saída da cidade, depois de passar a Ponte do Açúde, em direcção a Taveiro (onde fica a entrada para a auto-estrada), que me apercebi. Tinha chegado há coisa de cinco horas a Coimbra e já rumava a casa dos meus pais quando o pensamento finalmente cruzou a minha mente. Não tinha ido - nem sequer tinha tido a tentação de ir - ver a minha "antiga" casa. A casa que deixei em Março, partindo para Lisboa. Deixei-a para trás e para trás ficou também no meu pensamento. "In the back of my mind", dizem os ingleses. Foi a primeira vez que isso (não) aconteceu. Não deixa de me preocupar, como - paradoxalmente - me transmite o sentimento oposto, para falar a verdade. A casa é agora um passado meu, tal como os tempos de escola já o eram há muito, por exemplo. Muito embora o futuro... nunca se saiba. Costumo dizer que não tenho vontade nenhuma de voltar aos bancos de uma Faculdade mas não está totalmente fora de hipótese. E a casa...

quarta-feira

Off


Sinto-me assim. Sem razão (pelo menos, aparente ou de que eu próprio me aperceba). Meio "vazio", "oco". Numa palavra: OFF. O Natal está aí, o fim de ano (de um ano que me correu extremamente bem, aliás) não tarda e só o pouco feedback à escrita me tem dado algo que pensar nos pequenos tempos em que não estou a trabalhar. Talvez até seja isso. Não a ausência de feedback, mas sim o cansaço de quase 10 meses de trabalho ininterruptos, sem férias. Ou talvez não. Sinto-me meio amorfo. Mas estou bem. Só um bocado... off.

terça-feira

1911 - 2006


Morreu hoje, aos 95 anos de idade, Joe Barbera, criador de figuras animadas carismáticas e planetariamente reconhecidas. Os Flinstones, Scooby Doo, Yogi Bear, Tom & Jerry são só os nomes maiores de um universo cheio de cor criado por uma mão, um lápis, um pincel e muita fantasia. Lembro-me eu de ter passado tardes sem fim a ver cartoons e cartoons, horas a fio, em frente à televisão. Lembro-me eu de, em puto, ir a uma matiné de cinema nas Caldas da Rainha, para ver um filme do Tarzan (com Weissmuller em grande!) e Tom & Jerry terem pintado um pequeno cão de 1001 cores, num desenho animado que antecedia a longa metragem. Lembro-me que de que nunca gostei dos Jetsons, porque sempre me pareceu uma espécie de "upgrade" falhado dos Flinstones. E, já que falo neles... lembro-me eu sempre da música dos Flinstones (mas muito mais dos efeitos sonoros que apareciam quando Fred dava aos pés para pôr o carro a andar) e de sempre desconfiar que o amiguinho Barney era demasiado sonso para não ter a tentação de, de quando em vez, ir fazer uma "visitinha" à ruiva Wilma, traindo a mulher (a bem melhor Betty) com a esposa do melhor amigo, que passava a vida a jogar bowling... Mas isso foi já uns bons anos mais tarde, quando comecei a abir os olhos para a vida. Fica de luto o mundo der miúdos e graúdos que riram e riem com as cores e traços criados por Joe Barbera, na companhia do seu colega de sempre, William Hanna. Foi-se o "pai", ficam os "filhos". Tom continuará a tentar apanhar Jerry, Scooby Doo continuará cheio de medo e tão comilão quanto o dono, Shaggy. Quanto a Fred Flinstone... esse vai manter-se na ignorância acerca do mais do que evidente adultério de Wilma com Barney.

quinta-feira

(perten)SER... ou não (perten)SER...?

... ou "(in)Festa"

Eu sei que há uma gralha (ainda para mais repetida) no título. Ou seja, não é gralha. É intenção do autor mesmo. E é porque este texto fala das duas coisas: de Ser e de Pertencer. Eu e uma pessoa que admiro imenso temos ambos a mesma profissão. Ambos passámos pelos mesmos problemas, ambos temos um percurso de altos e baixos... proporcionado pelas mesmas pessoas. Vivemos ambos a sensação de não pertencermos inteiramente ao meio em que nos movemos. Sempre assim foi. Ao fim de cinco anos, um de nós tem acesso a algo até agora vedado aos dois. Esse convidou o outro para que ambos tivessemos acesso e, assim, finalmente pertencessemos os dois aonde sempre merecemos pertencer. O outro não aceitou o convite, alegando que nunca conseguirá pertencer a esse meio. Se calhar é verdade. Como se calhar é verdade que NENHUM dos dois alguma vez consiga pertencer. Ser... seremos sempre, ambos, idealistas, iguais a nós próprios; isso seremos de certeza, e se calhar até é mesmo esse o nosso erro comum ("o idealismo só por si raramente pôs comida em cima da mesa", já o dissemos). Pertencer... talvez nem um nem outro esteja destinado a que isso lhe aconteça,... quanto mais os dois. É um sentimento que consome, que corrói, que devasta quem idealiza e se esforça por alcançar esse ideal sonhado. Estou triste porque, ao fim de tantos anos, não faz sentido que só um de nós tenha acesso áquilo pelo qual ambos nos esforçámos por igual. Mas assim será hoje. Só um de nós terá esse acesso. Ou melhor... teremos ambos. Porque aquele que terá, levará o outro consigo.

segunda-feira

Dia de Jantarada


Estar de folga mas levantar cedo. Tomar banho e seguir para o supermerado. Comprar aperitivos, bebidas e os ingredientes para o jantar, tudo em doses bem maiores do que as realmente necessárias e (a cada caixa, lata, garrafa ou saco) pensar "É a mais mas depois gasta-se...". Chegar à caixa, olhar para o talão e pensar "Se calhar é mesmo a mais e pode ser que não se gaste tudo antes de se estragar...". Estar cansado à hora de almoço, por ter acordado cedo demais e por carregar sacos cheios (demasiados cheios) de compras. Não almoçar, prevendo que se vai comer ("penicar/petiscar") a tarde toda, aquando da confecção das entradas, das sobremesas e do jantar propriamente dito. Stressar com a sensação de que está tudo atrasado. Stressar mais um bocadinho com a sensação de que algo poderá não ser do agrado dos convidados. Stressar (ainda) mais um bocado com o rápido aproximar da hora. Beber umas cervejas para "destressar". Ter tudo pronto antes da hora e acabar por ter aguardar por toda a gente, atrasada. Saber de antemão que se vai perguntar uma data de vezes durante a noite se está tudo "OK", esperar que corra mesmo tudo bem e tentar não pensar nas limpezas a fazer depois de todos voltarem às suas casas. É assim um dia de jantarada.

sexta-feira

Insomniac


4:54 da manhã. Perto das cinco (demasiado perto) mas é escuro ainda, como às dez da noite ou às duas da matina. Há-de fazer-se, primeiro, alvorada e, depois, dia. Mais tarde ou mais cedo. E será nesse período (em que normalmente andamos despertos) que andarei eu, certamente, feito zombie, a arrastar os pés e os olhos. Em vez de mover os primeiros com a rapidez habitual e a manter abertos os segundos a custo... Muito a custo. O café bebido depois do jantar e o chá árabe (com teína mais "poderosa", ao que parece) um pouco mais tarde ajudaram a esta "festa" indesejada. Mas foi o vento o culpado maior de ainda não ter pregado olho. No entanto, agora que esse passou, que já não assobia nas janelas e já não faz bater as persianas... canta algures um pássaro estúpido aqui à beira da casa. Mas que raio! Ainda o galo não canta e vem este paspalho chilrear (perece) junto à porta?! Caraças! O gato, já foi um "pincel" calá-lo depois da minha chegada e agora, com o pássaro em cantoria... aí está ele de novo prontinho para miar um bocado mais. E mia. Mia que sabe Deus!... Ora... feitas as contas... Café + Chá + Vento + Pássaro + Gato = Insónia. Que merda! Mas... vá... amanhã é feriado. E o sono ainda há-de surgir antes do raiar do dia. Digo eu...! A ver vamos...

5:05 da manhã. Está lindo, isto, está...!

terça-feira

2 ANOS


Assim de repente... Diria mais.... Assim... num ápice, chegou o dia do aniversário (o 2º) deste cantinho que criei numa noite fria de 5 de Dezembro, em 2004. Era uma noite - não sei se a primeira ou a segunda - em que fazia baby-sitting à minha sobrinha, para que a minha irmã e o meu cunhado pudessem, finalmente, gozar da primeira (ou segunda) noite de "descanso" do intenso trabalho parental desde o nascimento da PimPim em finais de Agosto. Eu disponibilizei-me a tomar conta dela, eles foram jantar, a miúda dormiu a noite toda e o tio - para matar o tempo - fez um blog, para deixar uns rascunhos (que era o título original pretendido pelo autor - "Rascunhos"), diferentes das baboseiras que (já) escrevia no InSenso Comum. Nessa altura, transcrevi parte da letra de "Um caso mais", d'O Trovante, para ilustrar a minha intenção de, enquanto tiver vontade, aqui voltar para deixar o que me aprouver deixar. Um "pequeno nada" (acabei mesmo por gostar do título do blog - "Petit Riens") ou algo mais importante, maior, mais do que simplesmente um "nada" (que a mim há-de sempre dizer mais do que um "tudo"). Aproveitei para hoje mudar o template do "PR". Não sei se é para ficar. Ainda assim, fica a mudança, que mais não seja para assinalar a efeméride. Se me chatear com este aspecto (ou se me chatearem por causa dele), mudo de novo. Para outro diferente ou mesmo para o original, que fica guardado para usar quando me der na veneta voltar às origens. Foram dois anos de "Pequenos Prazares da Vida", de "Gosto", de "Quero", de parvos pedidos de prendas de aniversário e de Natal, de relatos de assaltos e avarias na viatura, de grandes angústias e de pequenos (mas bons) laivos de felicidade, de estórias de gatos, de ver crescer quem mais gosto, de me apartar de quem mais gosto, de me aproximar de quem mais gosto e de sentir uma data de coisas por causa de quem mais gosto. Dois anos de altos e baixos. De baixos que se tornaram altos e de altos que (por serem altos) fazem doer mais quando se cai (lá) em baixo(s). Não sou uma pessoa diferente desse dia 5 de Dezembro de 2004. Ou melhor, estou diferente, mas não sou outra pessoa. É a única coisa que confirmo peremptoriamente (que é uma palavra - acredito - que nunca usei neste blog e já fazia falta). Passaram dois anos. E continuo a pensar que "Um caso mais" é a melhor canção para ilustrar a minha atitude perante este cantinho. Enquanto a minha «excitação der», «eu vou» continuar a vir aqui. Os momentos e os pequenos nadas podem valer uma vida inteira. E eu quero continuar a escrevê-los.

segunda-feira

A Morte Anunciada de um Sorriso

Deste.

Vai morrer. Está decidido e a decisão está crua e friamente a ser passada numa "lagartixa" que vai surgindo, amiúde, nas emissões do canal, uma ou duas vezes por hora. Muito sinceramente, ainda não sei o que levou à extinção já anunciada do SIC Comédia mas certamente terá a ver com o facto de o fim do SIC Mulher também ter sido "pseudo-anunciado" e não ter sido concretizado. 31 de Dezembro era a data prevista para esse fecho e é também a que agora surge na "lagartixa" do SIC Comédia. Tenho pena e vou sentir falta. Muita. Sentir falta de chegar a casa e ter sempre algo com que sorrir, a qualquer hora do dia ou da noite, acima de tudo. Mas compreendo que, não havendo resposta do mercado publicitário e não tendo conseguido criar formatos que o fizessem crescer, o projecto teria uma data de validade; aquela que agora está a expirar. Nunca assisti à última emissão de um canal, nem sei se vai ser desta vez que o vou fazer. Desconfio que sou por demais nostálgico de projectos que tenham um fim. E ficar triste por ver o fim de um canal que me fez sorrir durante estes últimos (curtos) anos... talvez seja um non-sense que se calhar não quero viver. Entretanto, deixo aqui uma dúvida: que será feito de algumas pérolas do canal? Everybody loves Raymond, The Tonight Show with Jay Leno, Seinfeld, Late Night with Conan O'Brien, Smith & Jones, Comedy, Inc. e outros tantos... deixarão simplesmente de ser vistos? espero que não. E espero que Penim - que tanto se orgulhou de criar o canal - agora se lembre que há público para este segmento da comédia, mesmo que noutro canal do grupo. O "sorriso" (belo logotipo) vai morrer... no último dia deste ano.

PS: Ainda assim, há quem esteja a tentar alterar esta situação até à última hora. Há uma petição online para tentar evitar a extinção do SIC Comédia. Para assinar a petição, basta clicar no logotipo do canal acima deste post-scriptum. Eu assinei.

domingo

Sinto que algo não está bem...


...quando, em vez de dizer "Estou a arrumar a casa", dou comigo a dizer "Estou a TENTAR arrumar a casa".

Raindrops keep falling on my head


Muito embora seja um tipo que não gosta de chuva (não gosto mesmo), de vez em quando apanhar com os pingos que caem do céu fazem-me lembrar de algumas coisas que me lembram também que gente que é gente também tem de gostar um bocadinho de chuva e não gostar só de dias solarengos, por muito mais agradáveis que sejam. Faz-me lembrar o quanto sempre gostei de correr à chuva, quando fui futebolista em miúdo e atleta mais tarde. Faz-me lembrar que sentir os pingos baterem-me na cara me "acorda" das coisas boas ou más que me estejam a distrair. Faz-me lembrar das chuvadas com que levei, alegremente, nos tempos de estudante, em dias de Queima das Fitas e em que chegava à Portagem (quando chegava) bem regado, por fora e por dentro, mas muito divertido. Faz-me lembrar que o céu não tem só o sol e que as nuvens negras e a água que carregam servem precisamente para assegurar algum equilíbrio por cima das nossas cabeças. Faz-me lembrar que se estiver muito tempo à chuva sou capaz de me constipar. Faz-me lembrar que escrever sobre a chuva é quase tão bom quanto de vez em quando apanhar com os pingos que caem do céu.

sábado

A Derrocada


Confesso que tenho andado desligado de toda a informação que não a desportiva. Sei vagamente, por exemplo, que há um tipo italiano a passar um mau bocado em Inglaterra por ter sido contaminado por uma substância radioactiva que matou um ex-espião russo; mas em pormenor, em pormenor mesmo, só sei quem esteve no Sporting-Benfica, o que fizeram os jogadores, a que minutos de jogo e com quantos pontos ficaram os clubes. Aliás, por andar tão absorvido por essa realidade "esférica", fui surpreendido hoje - quase 24 depois do sucedido - com a notícia de que a minha cidade passou por momentos dramáticos ontem à tarde. Um velho prédio (que conheço... perdão... conhecia bem) ruiu em plena Baixa de Coimbra, a escassos metros de onde Miguel Torga tinha o seu consultório e de um dos cafés mais movimentados da cidade, o Montanha, onde centenas de turistas passam todos os dias, por exemplo. É tristemente revelador da realidade daquela cidade. Linda de morrer mas, de facto, também a morrer, linda como sempre foi. Ou seja, bonita sim... mas cuidada, nem por isso. Está como estava há várias décadas atrás. Têm-se feito muitas rotundas "futuristas", planeado muitos hospitais, construído centros comerciais de vanguarda (com multiplex's, hipermercados e lojas que são iguais em todo o lado)... mas conservar e zelar pelo que é realmente bonito na cidade... não. Depois há vereadores que falam na tv, com ar de pesar pelo prédio que ruiu na Travessa dos Gatos (graças a Deus que os trabalhadores das obras conseguiram avisar toda a gente para sair a tempo do local!...) e pela pena que é a cidade estar "mais pobre". Eu tenho pena, de facto. Desses vereadores (dos políticos, enfim), por serem tão fraquinhos. E da cidade, que é a minha, e cuja Praça da Portagem nunca mais vou conseguir ver, tão bonita quanto a deixei.


Feriados à sexta...!


Sextas que parecem Sábados. Sábados que parecem Domingos... E amanhã... que dia me vai parecer que é?!? Só sei que ando perdido nos dias... como sempre, de resto... mas mais um bocadinho, por causa dos feriados à Sexta-feira. Caraças!...