quinta-feira

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"The Perfect Fire"
(Alentejo, Setembro 2008)

O conceito de dor (quase física) não me diz muito. Ou melhor, não dizia. Agora, a cada dia que passa (a cada dia de frio, de chuva, de chatices no trabalho, de enfado por só ver prédios, de enfado por passar o meu tempo "livre" encafuado em casa, de compromissos com isto e com aquilo, de ir ao supermercado e haver fila e gente a mais e barulho e frenesim e confusão e merda e mais merda...), sinto mais saudades de fugir e dor por não o conseguir fazer. Saudades de guiar uma hora e meia e parar. E depois... logo se ver. Não sou daqui, não sou de lá. Mas é de lá que tenho saudades; tantas que quase dói no corpo (não tenho a certeza se dói mesmo, mas parece, pelo menos) e que dói mesmo na alma. Estou cansado daqui e do outro lá (a viagem ainda por cima é maior e mais cansativa; e nunca há tempo para parar - come-se, fala-se, brinca-se pouco, visita-se, conduz-se de novo para cá... mas nunca se pára - que é o que eu preciso). Estou cansado. Sentir-me-ia bem ao calor daquele lume perfeito, feito a custo (provavelmente, até mal feito, mas feito por mim, para nós), com propósito, com amor... e feito lá. Preciso de fugir. Um dia, dois dias, umas horas que seja. Mas fugir; para lá. Esperava não ter de o escrever, que já fosse evidente por esta altura. Mas enfim. Estou a escrevê-lo. Sei que ainda não será este fim-de-semana nem, na verdade, sei quando será. Mas preciso. Mais do que querer, desejar, ... preciso.

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