sexta-feira

Dores




No dedo (de o ter entalado), no olho esquerdo (não sei por quê, simplesmente começou a doer), de cabeça (ando com o sono muito trocado), ... mas acima de tudo... na alma. Esta última, uma dor para a qual ainda não foi descoberto medicamento. Já ajudava que houvesse qualquer coisa para debelar a maleita. Mas a Ciência não evoluiu tanto assim, infelizmente.




terça-feira

Emigrar






Talvez até nem fosse mau de todo. E de vez em quando... apetece.




domingo

Nuremberga: o silêncio sombrio



Na vida (sabemos que podem existir mas nunca contamos com eles) há momentos que nos supreendem com um peso imenso, de algo que nos transcende. Nestes últimos dias, em Nuremberga, percebi que 50 anos não bastam para apagar (ou até atenuar) as marcas de um passado sombio, tenebroso. Hitler declarou a cidade como sede do Partido Nazi, mandou cosntruir um estádio de dimensões megalómanas (com capacidade para 400 000 - quatrocentas mil! - pessoas), para ali discursar aos "hipnotizados" seguidores da ideologia ariana. Subir à Zeppelin Tribune, silenciosa, abandonada, onde numa placa municipal se lê "Entre por sua conta e risco", é suficiente para perceber que os alemães respeitam o peso de uma História que fazem questão de não destruir para que as gerações vindouras saibam aquilo de que o Mal é (foi) capaz.

Hitler discursou deste pulpito, mobilizou milhares (milhões) e, por causa desses discursos, livros foram queimados, humanos assassinados, torturados e humilhados... e tantas outras atrocidades cometidas. Apenas as suásticas foram retiradas. O resto foi deixado estar, à espera que o tempo se encarregue de deitar por terra o que Hitler criou. A única intervenção humana do pós-Guerra foi fechar grande parte das bancadas com rede e arame farpado. As bancadas que um dia cairão (ou não) sob a erosão do tempo, da meterologia, do que for. E a estrada que "entra" estádio dentro (como se vê na foto que abre o post) é agora a recta da meta num autódromo citadino (chamado Norisring). Nada mais. À noite, não há iluminação. Em hora alguma do dia há um guia turístico que inclua este local nas rotas dos forasteiros, que só lá vão se quiserem muito ir (mas para isso terão de pagar o seu próprio transporte). Estar ali, na Zeppelin Tribune, obriga-nos a um silêncio sepulcral, força-nos a sentir um desconforto estranho, uma vergonha que não é (só) nossa, uma culpa que nunca pensámos sentir. Posso dizer que aprendi alguma coisa nesta viagem. Talvez preferisse, comodamente, não ter tomado contacto com a sensação da presença do Mal. Mas isso fez-me valorizar o Bem... não esquecendo um Passado que não vivi mas que agora sei por que não quero viver.

Por isto.

sábado

Pipi no Futebol?!?

Então e quando, a meio da primeira parte do jogo Nuremberga - Benfica, mais de 10 mil adeptos do clube alemão (muitos deles com aquele ar bonacheirão germânico, corpulentos, gordos, machões, bem bebidos e de tronco nu - apesar dos 5º que se faziam sentir) se puseram a apoiar a equipa...


... pulando e cantando a musíca da Pipi das Meias Altas?!? Hã?!? Sim, sim, é vedade que eu estava lá e bem ouvi! Não queria acreditar, mas de facto...!

Foi lindo, lindo!...
:-)

Alemanha: Ida e Volta

Alemanha. 2 dias e mais uns pozinhos. Trabalho. Da "terra-natal", trago duas conclusões:
  1. Que facilidade teria em viver num país assim; bonito, civilizado, verde, com respeito pela História (boa ou má que seja) e com pessoas que sabem receber, falar e compreender sem ser preciso elevar a voz de volta, embora seja essencial "puxar" por elas para lhes ver um sorriso mais acolhedor. No fundo, a Alemanha é uma nação que se sente algo responsável por tanta coisa má que aconteceu nos últimos 100 anos que não lhe é fácil abrir os braços aos outros povos, de quem temem receber um comentário negativo logo à partida; essa defesa é natural mas, espero, também passageira. Se vivesse lá (oh!... que bom seria!...) faria a minha parte para que os germânicos se tornassem mais "latinamente" bem dispostos.


  2. Numa profissão em que a "Excelência" é uma palavra tão mais vã quanto as vezes que é usada para exigir impossíveis a quem tenta executar bem as suas tarefas, fazer o melhor possível não garante a ninguém o estatuto de "Bestial". Só de "Besta", garantidamente.

segunda-feira


Desconfio que "alguém" anda de cadeias às avessas com as minhas folgas. Há já duas semanas que, quando folgo, não gozo do meu tempo livre. Na semana passada, adoeci precisamente na primeira das duas folgas e no dia seguinte ainda estava todo avariado. A seguir a isso, ainda a menos de 100%, voltei ao trabalho. Ontem e hoje, outra vez de folga, o melhor que pude e posso fazer é olhar pela janela e ver a chuva cair em bátegas difíceis de explicar. Tenho de perceber se fiz alguma coisa que justificasse um castigo tão subtilmente severo.

quarta-feira

Uns dias, isto. Outros dias, aquilo.


Se a uma segunda-feira posso sentir-me adoentado, numa terça-feira posso já sentir-me melhor. Funciona assim o dia-a-dia de cada um. O que uma pessoa pode ser num dia, pode sempre mudar no dia seguinte... ou não. Mas admitamos que sim. Anteontem e ontem, senti-me um "zero" por estar de folga e deitado "fora de combate" por uma forte indisposição abdominal. O que queria descansar não descansei e o que queria adiantar em termos de trabalho não adiantei. Não havia disposição, nem corpo, nem cabeça para isso. Tentando compensar o que não fiz nesses dois dias, hoje, já algo mais bem disposto e de volta ao trabalho (com duas folgas "a menos"), decidi anunciar a quem de direito que, de facto, estou a pensar em dois projectos futuros e aproveitar para falar um pouco acerca deles. Como não tinha o suporte "em papel" (que não consegui fazer nas malfadadas folgas), a melhor forma encontradas foi "abrir caminho" através da exposição oral, prometendo para daqui a poucos dias, então, uma oficialização com documentos executados com o cuidado necessário. A decisão final que virá após essa exposição pode não dar em nada, obviamente. Mas, no fundo, não é isso que mais me preocupa. A ideia de me sentir menos do que sei que sou é que me faz confusão, seja qual for o contexto. Por isso, tento não deixar que uma dor de barriga (ou qualquer outra condicionante) me impeça de demonstrar o que sei e o que espero das minhas capacidades. Caso contrário, mais ninguém saberá disso.

sábado

Pequeno Desabafo Profissional


Por vezes, de tão complicado ser um bom profissional (acima de tudo quando se depende de imensa gente e muita tecnologia dita "de ponta"), invejo os tradicionais sapateiros, afaitaes, oleiros e até latoeiros. A sério. Em qualquer uma destas profissões (e outras similares, claro), os artesãos sabem o que estão a fazer, vêem o que fazem e o produto final (por mais rudimentar que seja o seu processo de execução) é o que é, é o que o artesão se esforçou para fazer. E quanto mais se tiver esforçado, maior será a qualidade a esperar do artefacto. Naquilo que faço, não é bem assim. O que eu faço pode estar muito bem feito e tudo o resto falhar, ou (vice-versa) o que eu faço (mal) pode estragar todo o trabalho (bem feito) de uma equipa de gente que trabalha comigo em prol do produto final. E, claro, também pode estar tudo bem feito por toda a gente e um sistema informático "decidir" fazer dos humanos que o operam "gato-sapato" e deitar tudo a perder. Há dias assim, em que por muito bom profissional que se seja, ou tente ser, isso não basta, simplesmente. Hoje está a ser um dia desses...

quinta-feira

SEM PALAVRAS... e muito chateado!


É. Ando aborrecido. E - atente-se! - o facto de ter começado um texto por "É." (tanto tempo depois da última vez em que o havia feito) já é uma desesperada tentativa de inverter o rumo de tédio e má disposição que isto vai levando nos últimos tempos. Eu explico. Ando chateado com o meu cérebro, com a minha motivação e até com o meu jeito para a escrita. Irrita-me profundamente que a minha mente "desligue", unilateralmente, essa sua função essencial de vez em quando e, assim, me deixe tempos e tempos sem magicar nada de jeito para colocar por escrito (algo com piada e/ou com a mínima qualidade; algo que não me apeteça apagar logo a seguir). O problema não seria assim tão grande problema caso a minha motivação superasse a essa debilidade (e a palavra é usada de forma bem ponderada) da mente ou - no caso da motivação não chegar ou nem sequer se mexer por inércia igual à da mente - se o meu jeito natural conseguisse "driblar" todas as adversidades, permitindo a criação de textos e pensamentos passíveis de serem transpostos para um papel ou um ecrã de computador. Não era mau, de facto. Mas não é isso que acontece. Quando a mente "fecha" para repouso ou manutenção e não trabalha, a motivação quase nunca - ou nunca mesmo! - é suficiente e o jeito, coitado, vê-se impotente para dar conta de tamanho recado. E é assim que fico uns tempos sem escrever. Eventualmente, estas coisas acabam por passar e até há periodos em que mente, vontade e jeito actuam simultaneamente, em alta produção e até em grande estilo (não é falta de modéstia... é, tão somente, regozijo pelo facto de isso acontecer mesmo, de quando em vez). Mas enquanto isto passa e não passa, enquanto os astros da mente, da vontade e do jeito não se alinham (ou que um destes elementos - agora em stand by - decida tomar a iniciativa de agir em minha defesa), a crise criativa é um dado adquirido. Lamento. Muito. Porque adoro escrever, sobre tudo e sobre nada. E o que me chateia mais, neste momento, é que a única coisa sobre a qual consigo escrever é o facto de não conseguir escrever sobre coisa nenhuma... a não ser isto, o que é de uma ironia suprema.