quinta-feira

SEM PALAVRAS... e muito chateado!


É. Ando aborrecido. E - atente-se! - o facto de ter começado um texto por "É." (tanto tempo depois da última vez em que o havia feito) já é uma desesperada tentativa de inverter o rumo de tédio e má disposição que isto vai levando nos últimos tempos. Eu explico. Ando chateado com o meu cérebro, com a minha motivação e até com o meu jeito para a escrita. Irrita-me profundamente que a minha mente "desligue", unilateralmente, essa sua função essencial de vez em quando e, assim, me deixe tempos e tempos sem magicar nada de jeito para colocar por escrito (algo com piada e/ou com a mínima qualidade; algo que não me apeteça apagar logo a seguir). O problema não seria assim tão grande problema caso a minha motivação superasse a essa debilidade (e a palavra é usada de forma bem ponderada) da mente ou - no caso da motivação não chegar ou nem sequer se mexer por inércia igual à da mente - se o meu jeito natural conseguisse "driblar" todas as adversidades, permitindo a criação de textos e pensamentos passíveis de serem transpostos para um papel ou um ecrã de computador. Não era mau, de facto. Mas não é isso que acontece. Quando a mente "fecha" para repouso ou manutenção e não trabalha, a motivação quase nunca - ou nunca mesmo! - é suficiente e o jeito, coitado, vê-se impotente para dar conta de tamanho recado. E é assim que fico uns tempos sem escrever. Eventualmente, estas coisas acabam por passar e até há periodos em que mente, vontade e jeito actuam simultaneamente, em alta produção e até em grande estilo (não é falta de modéstia... é, tão somente, regozijo pelo facto de isso acontecer mesmo, de quando em vez). Mas enquanto isto passa e não passa, enquanto os astros da mente, da vontade e do jeito não se alinham (ou que um destes elementos - agora em stand by - decida tomar a iniciativa de agir em minha defesa), a crise criativa é um dado adquirido. Lamento. Muito. Porque adoro escrever, sobre tudo e sobre nada. E o que me chateia mais, neste momento, é que a única coisa sobre a qual consigo escrever é o facto de não conseguir escrever sobre coisa nenhuma... a não ser isto, o que é de uma ironia suprema.

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