Sair de casa pela “fresquinha” tem, acima de tudo, inconvenientes. O frio que gela a ponta do nariz, o sono (que a remela no canto do olho anuncia ao mundo… e a quem a transporta sem se aperceber) a não permitir uma condução decente, o trânsito entediante e incompreensível que obriga a ter um suplemento diário de paciência que (infelizmente) não se compra nas lojas (nem avulso, nem sequer em pack’s de 6 unidades – o que seria muito prático). A má disposição como que se entranha no corpo e na mente e só lá pela hora de almoço decide ir dar uma volta para espairecer fora de quem às 9 da manhã já está com nervos suficientes para o resto do dia. Mas nem tudo é mau. Os programas de rádio da manhã são os mais animados e não há nada que supere o sabor (e cheiro) matinal de um bom café ou galão, acompanhado de uma torrada. Isso e algumas coisas que vemos entre o fechar da porta do prédio e a chegada ao trabalho e nos aconchegam a alma. O terno olhar ensonado dos miúdos levados pela mão dos pais até ao carro que os levará ao infantário, o vapor que emana das ervas e arbustos quando o sol desponta... E os três cães juntinhos. Esta manhã, foram eles as estrelas dos meus primeiros minutos fora de casa. Três “rafeiros”, muito sujos de terra (quiçá da lama resultante da chuva dos últimos dias), muito ensonados e muito juntinhos uns aos outros, aquecendo-se mutuamente, encostados a um muro virados ao sol matinal, tentando ficar a dormir um pouco mais na "cama" e, assim, fazendo alguma inveja a quem já só pode pensar na cama com inegável saudade. Mesmo sabendo o frio que estava àquela hora naquele local, senti-me, eu próprio, mais quentinho, só de assistir ao natural improviso dos canídeos sem dono do meu bairro, que não se fiaram (nem podiam, tal era o frio) no casaco de pêlo que Deus lhes ofereceu.
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