Em puto, de vez em quando, era acordado pelo meu pai ou pela minha mãe com um toque leve no ombro ao sábado de manhã (quer dizer... era mais de madrugada do que de manhã). Pela porta do quarto entrava um cheiro bom a café (já feito e posto num termo). Mal me levantava, sentia alguma azáfama na casa, com o barulho do chuveiro, da torradeira, do normal andar pela casa (coisa que não se faz habitualmente às 5:30 - 6 da manhã) e via, junto à porta da rua, dois ou três cestos com o topo devidamente tapado com um pano de cozinha. Era dia de passeio. A minha irmã já tinha sido acordada e eu, estremunhado, cedo me esquecia que não tinha dormido "tudo". Era dia de passeio, e isso é que importava. Dali a pouco, ainda bastante cedo, saímos de carro, com o objectivo de irmos a um qualquer lugar giro, por um percurso previamente pensado (sempre achei que por de mais meticulosamente) pelo meu pai. E lá íamos. No carro, um leve cheiro a comida feita (acondicionada em tupperware's postos nos cestos, na bagageira do Fiat Uno 45 preto - grande carro!) e sandes embrulhadas em papel de prata misturava-se com o som dos programas de rádio que davam os "Bons Dias!" ao fim-de-semana solarengo, como este que agora nasce. Recordo-me vagamente de um desses programas, por causa do nome. "Pão com Manteiga... dos dois lados". Acho que era com o Carlos Cruz, mas posso estar enganado, tanto no título como no locutor. Dos locais visitados não me lembro com exactidão, mas lembro-me que foi assim que fomos algumas vezes à neve da Serra da Estrela. Lembro mais o espírito da coisa. Pai, mãe, filha e filho, todos enfiados num carro a caminho de algo novo, diferente, com a promessa de regressar a casa pouco antes ou pouco depois do anoitecer. Em jeito de passeio, de aventura, de tempo bem passado em família. Felizes. Acho que é a isso que chamam agora de quality time. Mas parece-me que as PlayStations e a TV Cabo, se calhar, agora já não permitem que os miúdos tenham o mesmo gozo (ou algum gozo, se tanto) em serem acordados de madrugada para passeios de família. Eu tinha. E hoje tenho saudades.
sábado
Sábado de Manhã
Em puto, de vez em quando, era acordado pelo meu pai ou pela minha mãe com um toque leve no ombro ao sábado de manhã (quer dizer... era mais de madrugada do que de manhã). Pela porta do quarto entrava um cheiro bom a café (já feito e posto num termo). Mal me levantava, sentia alguma azáfama na casa, com o barulho do chuveiro, da torradeira, do normal andar pela casa (coisa que não se faz habitualmente às 5:30 - 6 da manhã) e via, junto à porta da rua, dois ou três cestos com o topo devidamente tapado com um pano de cozinha. Era dia de passeio. A minha irmã já tinha sido acordada e eu, estremunhado, cedo me esquecia que não tinha dormido "tudo". Era dia de passeio, e isso é que importava. Dali a pouco, ainda bastante cedo, saímos de carro, com o objectivo de irmos a um qualquer lugar giro, por um percurso previamente pensado (sempre achei que por de mais meticulosamente) pelo meu pai. E lá íamos. No carro, um leve cheiro a comida feita (acondicionada em tupperware's postos nos cestos, na bagageira do Fiat Uno 45 preto - grande carro!) e sandes embrulhadas em papel de prata misturava-se com o som dos programas de rádio que davam os "Bons Dias!" ao fim-de-semana solarengo, como este que agora nasce. Recordo-me vagamente de um desses programas, por causa do nome. "Pão com Manteiga... dos dois lados". Acho que era com o Carlos Cruz, mas posso estar enganado, tanto no título como no locutor. Dos locais visitados não me lembro com exactidão, mas lembro-me que foi assim que fomos algumas vezes à neve da Serra da Estrela. Lembro mais o espírito da coisa. Pai, mãe, filha e filho, todos enfiados num carro a caminho de algo novo, diferente, com a promessa de regressar a casa pouco antes ou pouco depois do anoitecer. Em jeito de passeio, de aventura, de tempo bem passado em família. Felizes. Acho que é a isso que chamam agora de quality time. Mas parece-me que as PlayStations e a TV Cabo, se calhar, agora já não permitem que os miúdos tenham o mesmo gozo (ou algum gozo, se tanto) em serem acordados de madrugada para passeios de família. Eu tinha. E hoje tenho saudades.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário