A 2500km de casa, num dia em que algo de muito importante e delicado aconteceu em Portugal sem que nada se pudesse fazer a pelo menos duas horas e meia de avião de distância, em que (já depois da meia noite - neste dia, portanto) o corpo se deitou cheio de problemas físicos e cheio de problemas físicos se levantou pela manhã com muito esforço, há 12 dias fora de casa e do país – e, já agora, sem folgas –, em que o primeiro erro de navegação quase custou o primeiro atraso (o que acabou por não acontecer), em que tudo parece ainda acontecer de modo a que o corpo (ainda com problemas) não se possa deitar mais cedo do que habitualmente, como merece e vem “pedindo”… sob todas estas condições, tudo se potencia e qualquer coisa que se me diga agora é penoso de ouvir, difícil de assimilar e muito complicado de evitar que seja respondido com um vigoroso “Vão todos para a mãezinha que vos pariu!”. A constatação vale o que vale. Nada, provavelmente. Não sou de “explodir” de forma tão dramática. Quando “expludo”, faço-o de forma tanto quanto possível controlada. Hoje nem isso me apetece controlar. No mesmo computador em que escrevo estas linhas, Bublé canta “…I wanna go home…”. Por acaso, não é bem isso que sinto. Gosto disto aqui, gosto do que estou a fazer e sei que estou a fazê-lo bem, embora pressinta que essa não seja uma opinião generalizada. Quero ficar… até ao fim, até ao lavar dos cestos (sem bem que essa expressão nem sequer exista por cá), até ao ponto a que me propus aqui ficar, fazendo aquilo a que me propus fazer. Espero que, ao contrário de hoje, tudo se alinhe nessa direcção. Caso contrário, o que sempre desejei ser uma experiência única e de grande gozo corre o risco de assim ter começado mas de se ter tornado mais em algo penoso do que em algo de verdadeiramente positivo e memorável. Espero. Farei a minha parte para que seja possível. Mas não depende só de mim. No que depende de mim, vou tentar não mandar ninguém para a progenitora que os trouxe ao mundo. É o máximo que eu posso prometer neste momento, a 2500km de casa, há 12 dias fora de casa e do país – e sem folgas –, num dia em que algo de muito importante e delicado aconteceu em Portugal e em que o corpo dorido pede – merecidamente – descanso.
PS: Tenho saudades do meu gato… vá lá imaginar-se…!