Agora que o J regressou a casa, percebo que uma das minhas expectativas em relação à estadia dele durante cerca de um mês na casa dos meus pais não se confirmou (não até agora, pelo menos). O gato não está assim tão diferente. Muito embora lá em casa dos meus pais estivesse, de facto, com um comportamento bastante desigual daquele a que estava habituado; bem comportado, calmo, meigo e até tolerante às festas que a malta lhe fazia. Acho que ele compensou dessa forma os meus pais pelo dia em que se precipitou pela janela do 3º andar, caindo (de pé e inteiro – lá se foram mais uma ou duas vidas) no asfalto lá em baixo para depois andar à bulha com outros gatos e refugiar-se durante um dia inteiro numa velha e exígua caixa de madeira, cheio de medo, o que obrigou a uma complicadíssima “operação de resgate” que demorou (e foi fisicamente dolorosa) ao meu pai. Foi a chamada polvorosa felina. Tudo isto (a queda, a bulha, o esconderijo) fruto do medo que um gato “caseiro” revela por tudo e por nada o que lhe é estranho. O J é (diametralmente) diferente na Nina por causa disso mesmo. Ela é uma gata de rua, habituada a todos os perigos (não sabemos quantas vidas ainda terá), preparada para os ataques dos outros gatos e uma sobrevivente longe de quatro paredes que a enclausurem de alguma forma. Talvez, para ela, uma velha e exígua caixa de madeira seja só um local onde passa uma noite que deseja mais calma do que as outras, na maior das descontracções. Como vive no campo, dificilmente corre o risco de cair de vários andares de altura e como a linha de comboio está logo ali ao lado, não há barulho (esse ou outro qualquer) que a assuste, mesmo que muito ruidoso. Só a vemos uma vez “por festa” e durante semanas questionamo-nos se estará bem e se voltaremos a vê-la para vir pegar a comida que lhe vamos deixar. Um só está bem em casa, o outro (no caso, a outra) só estará bem na rua. São infinitamente diferentes mas uma coisa é certa; têm algo em comum: gostamos deles pelo que são e têm o nosso carinho mais do que garantido.
segunda-feira
J & Nina: as infinitas diferenças
Agora que o J regressou a casa, percebo que uma das minhas expectativas em relação à estadia dele durante cerca de um mês na casa dos meus pais não se confirmou (não até agora, pelo menos). O gato não está assim tão diferente. Muito embora lá em casa dos meus pais estivesse, de facto, com um comportamento bastante desigual daquele a que estava habituado; bem comportado, calmo, meigo e até tolerante às festas que a malta lhe fazia. Acho que ele compensou dessa forma os meus pais pelo dia em que se precipitou pela janela do 3º andar, caindo (de pé e inteiro – lá se foram mais uma ou duas vidas) no asfalto lá em baixo para depois andar à bulha com outros gatos e refugiar-se durante um dia inteiro numa velha e exígua caixa de madeira, cheio de medo, o que obrigou a uma complicadíssima “operação de resgate” que demorou (e foi fisicamente dolorosa) ao meu pai. Foi a chamada polvorosa felina. Tudo isto (a queda, a bulha, o esconderijo) fruto do medo que um gato “caseiro” revela por tudo e por nada o que lhe é estranho. O J é (diametralmente) diferente na Nina por causa disso mesmo. Ela é uma gata de rua, habituada a todos os perigos (não sabemos quantas vidas ainda terá), preparada para os ataques dos outros gatos e uma sobrevivente longe de quatro paredes que a enclausurem de alguma forma. Talvez, para ela, uma velha e exígua caixa de madeira seja só um local onde passa uma noite que deseja mais calma do que as outras, na maior das descontracções. Como vive no campo, dificilmente corre o risco de cair de vários andares de altura e como a linha de comboio está logo ali ao lado, não há barulho (esse ou outro qualquer) que a assuste, mesmo que muito ruidoso. Só a vemos uma vez “por festa” e durante semanas questionamo-nos se estará bem e se voltaremos a vê-la para vir pegar a comida que lhe vamos deixar. Um só está bem em casa, o outro (no caso, a outra) só estará bem na rua. São infinitamente diferentes mas uma coisa é certa; têm algo em comum: gostamos deles pelo que são e têm o nosso carinho mais do que garantido.
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