segunda-feira

A k@sa

Caro “Diário” (leia-se “blog”):


Escrevo-te este post no comboio, de regresso a casa, ao fim de um dia absolutamente cheio e desgastante. Andei à procura de nova casa na “cidade grande” para onde eu (e tu, já que o K@tatil vai comigo e em ti conto manter a escrita em dia) me vou mudar. Na verdade, já não me lembrava do que significava esta busca pavorosa. Que o é… pavorosa, não tenhas dúvidas!... Tudo começou, naturalmente, com a notícia de que ia mudar de cidade. Primeiro houve a excitação do “salto” mas, não tardou, a “queda de pés juntos na terra” obrigou-me a pensar que há um sem número de coisas a tratar… qual delas a mais complicada…! Retirando todas as outras questões deste quadro dantesco de burocracias e afazeres (talvez também venha a escrever sobre elas, mas espero que não), a questão da casa “nova” é aquilo a que chamo de “verdadeiro pincel”. Sim… isso está resolvido. Mas não deixou de ser um “parto” complicadíssimo de acontecer. Há dias que amigos de lá me sugeriam classificados da net e até foram ver casas que tinham aqueles cartazes de “Aluga-se” nas janelas; ao mesmo tempo que eu comprava o Correio da Manhã (passe a publicidade… acredito que eles não se importem da referência) e via os classificados em papel, anotando números de telefone num papel dobrado e rasgado que tinha por ali na mesa da sala e ia ligando a seguir. Assinalei com um “visto” os que me interessaram e risquei os outros, que eram caros ou sem as condições mínimas para a minha súbita mudança. O papel, dobrado e rasgado, curiosamente, sobreviveu a isto tudo e vai ali no bolso do casaco. Acho que vou guardá-lo… só para não voltar a dizer «já não me lembrava do que significava esta busca pavorosa». Chegado à “cidade grande”, foi hora de começar o périplo pelas casas “apalavradas” e por outras, cujo contacto foi conseguido durante o dia. 3… 4… já não sei bem. Pelo meio, telefonemas sem fim… A conversa… sempre a mesma… «E por quanto está a arrendar…? Tem equipamentos…? Os contratos da água, gás e luz… terei de os fazer…? É que se não tiver de os fazer… tanto melhor! E esse preço não é negociável…?». As respostas… quase sempre as mesmas também… «São “x”€… não negociáveis… Isso das contas tem de se ver… Depois de dizer se quer ou não quer… Quer lá ir ver… mesmo que não tenha equipamentos nenhuns..?». Cansa! Tanto! Ao início da tarde, uma hora depois de chegar, vi a primeira casa. Não era perfeita, mas tinha tudo o que precisava para esta fase. E ficou “referenciada”. Eu disse que ligava ao fim da tarde. O proprietário concordou. As seguintes também eram jeitosas, mas – apesar dos sorrisos fáceis dos agentes imobiliários – faltava sempre qualquer coisa. Liguei ao fim da tarde, como prometido. O proprietário já tinha decidido alugar a outra pessoa. Entrei em “pânico controlado” (do tipo… «Quêêê?!? Não pode ser… Vou ter de convencer este gajo!») e meia dúzia de minutos depois, já havia um princípio de acordo. O proprietário não deu garantias de mudar de ideias mas prometeu ligar dali a 10 minutos. Demorou 23 minutos, se não me engano (23 minutos de “agonia” – também ela “controlada” – por não querer voltar à estaca zero),… mas ligou. «A minha mulher e eu achamos que é mais de confiança do que o vendedor. Afinal, a carreira de jornalista tem uma certa credibilidade, pensei. E pelos vistos… tem mesmo. Ainda assim, pediu-me fotocópias de BI, Contribuinte, morada actual e a do emprego… mais um mês de renda de avanço. Que faria se eu não fosse um gajo “mais de confiança do que o vendedor”…!? Está feito. Foi batalhado… mas está feito. A casa é pequena, simples, mas mudo-me no fim-de-semana. Preciso do meu canto. Para fazer tudo o que… quero.


PS: Obrigado…

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