Há uns dias - quase uma semana - apercebi-me do porquê de dizer sistematicamente "Não" a um desafio que já muitas vezes me foi feito. Não é raro que me digam que, com o jeito que eu tenho para escrever, poderia optar por experimentar fazer algo inovador. Algo como um guião, por exemplo; até porque há já mais de dois anos tenho um projecto iniciado - mas só mesmo pela "rama" - de uma sitcom ou algo do género. As personagens-base estão criadas, as situações mais ou menos idealizadas... mas a narrativa nunca avançou. De vez em quando, lembro-me disso mas sinto que não posso continuar esse projecto - pelo menos, já -, ainda que não saiba bem porquê e que muito me digam "Devias andar com isso para a frente! Tens jeito! Um guião humoristico era giro!". Há uns dias... finalmente, percebi. Não escrevo um guião, nem me lanço em alguns estilos de escrita porque... não sou "esquisofrénico". Eu explico. Parece-me, cada vez mais, que o guionista/argumentista tem de ser um pouco "esquisofrénico" (com multipla personalidade, com imaginação fértil o suficiente para criar várias "personas"); tem de "ser" um pouco todas as personagens que cria e que "põe a falar". A "culpa" é da senhora que se vê na imagem. A consciencialização de que não sou capaz de idealizar diálogos, não seria capaz de me colocar na pele de uma Lorelai Gilmore (tão bem interpretada pela bela Lauren Graham - na imagem) e, logo depois, "ser" um tipo qualquer que, machão, responde num tom seco e monossilábico às delirantes divagações de Lorelai. É-me intelectualmente impossível. Foi enquanto via mais um episódio dos DVD's que tenho vindo a comprar que me capacitei da minha incapacidade. Admiro Amy Sherman-Palladino, criadora da série "Gilmore Girls" ("Tal Mãe, Tal Filha"), por exemplo, por ter criado personagens tão ricas e por, no fundo, conseguir "ser" todas elas (masculinas, femininas, velhas e novas, rebuscadas ou simples). Eu não conseguiria.
quinta-feira
A Culpada
Há uns dias - quase uma semana - apercebi-me do porquê de dizer sistematicamente "Não" a um desafio que já muitas vezes me foi feito. Não é raro que me digam que, com o jeito que eu tenho para escrever, poderia optar por experimentar fazer algo inovador. Algo como um guião, por exemplo; até porque há já mais de dois anos tenho um projecto iniciado - mas só mesmo pela "rama" - de uma sitcom ou algo do género. As personagens-base estão criadas, as situações mais ou menos idealizadas... mas a narrativa nunca avançou. De vez em quando, lembro-me disso mas sinto que não posso continuar esse projecto - pelo menos, já -, ainda que não saiba bem porquê e que muito me digam "Devias andar com isso para a frente! Tens jeito! Um guião humoristico era giro!". Há uns dias... finalmente, percebi. Não escrevo um guião, nem me lanço em alguns estilos de escrita porque... não sou "esquisofrénico". Eu explico. Parece-me, cada vez mais, que o guionista/argumentista tem de ser um pouco "esquisofrénico" (com multipla personalidade, com imaginação fértil o suficiente para criar várias "personas"); tem de "ser" um pouco todas as personagens que cria e que "põe a falar". A "culpa" é da senhora que se vê na imagem. A consciencialização de que não sou capaz de idealizar diálogos, não seria capaz de me colocar na pele de uma Lorelai Gilmore (tão bem interpretada pela bela Lauren Graham - na imagem) e, logo depois, "ser" um tipo qualquer que, machão, responde num tom seco e monossilábico às delirantes divagações de Lorelai. É-me intelectualmente impossível. Foi enquanto via mais um episódio dos DVD's que tenho vindo a comprar que me capacitei da minha incapacidade. Admiro Amy Sherman-Palladino, criadora da série "Gilmore Girls" ("Tal Mãe, Tal Filha"), por exemplo, por ter criado personagens tão ricas e por, no fundo, conseguir "ser" todas elas (masculinas, femininas, velhas e novas, rebuscadas ou simples). Eu não conseguiria.
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