segunda-feira

Países a sério


Passar 20 dias na Holanda fez-me perceber que há países que se esforçam por serem bons países. Pequenos, mas bons. Toda a organização social, económica, urbanística e a ideia de que ter espírito nacionalista não significa forçosamente estar contra (todos) os outros povos são coisas notáveis que os holandeses fazem questão de demonstrar a toda a hora, até quando andam de bicicleta (basicamente, também isso, a toda a hora). As pessoas são de uma forma geral giras, simpáticas, prestáveis, conscientes do que têm para fazer e dizer e fazem tudo e falam com calma, as ruas estão sempre limpas, poupa-se combustível e o meio ambiente usando os transportes públicos e as bicicletas, não há grandes problemas de trânsito, não assisti a uma única discussão “acalorada” em que um holandês se envolvesse e o verde é a cor dominante da paisagem. Passados esses 20 dias regressei. Logo no Aeroporto de Lisboa, ainda sem as bagagens em minha posse, cruzei-me com uma senhora extremamente mal parecida, desdentada, agarrada a um telemóvel para o qual berrava “Augusta! Já ‘tou cá!!!!!!”. Na hora, mesmo cansado da viagem, desejei fervorosamente pedir ao piloto que me deixasse entrar de novo no avião para regressar de imediato a Amesterdão. Entretanto, esse desejo esvaneceu nos dias seguintes com o vislumbre de várias outras mulheres portuguesas (graças a Deus, bem mais bonitas, bem mais vestidas e bem mais “morenamente” latinas) e com o bom tempo a permitir umas idas retemperadoras à praia. Agora, estou de novo pronto para voltar para a Holanda. Faço zapping ao fim da manhã e apanho com o Cláudio Ramos na sua habitual verborreia louca, a falar de tudo que é nada, de todos que são ninguém (como ele… ela… não sei…), do que importa para ele mas que nada interessa ao saudável correr do mundo. Preciso de viver num País melhor que isto. Portugal tem tudo para ser pequeno mas bom... só que não é. Não há sequer esforços (visíveis, pelo menos) nesse sentido. Espero sinceramente que Portugal ainda vá a tempo… mas não sei se vai...!

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