quinta-feira

Pequenez*


* escrito a 20/01/'06, num outro blog, sob outro heterónimo, mas que acho ser sempre actual... vá lá saber-se por quê...


Perturba-me sobremaneira a pequenez. A pequenez não é uma coisa nossa. Não nos é intrínseca. Não nasce connosco. Mas cresce. Surge e cresce dentro de nós. E, paradoxalmente, quanto mais ela cresce mais nós nos tornamos pequenos. A pequenez não surge do nada mas sim do tudo que pensamos que os outros têm e que nós pensamos, igualmente, que devíamos ter e não temos. Caso não nos apercebamos disso, os ditados populares fazem sentido. “O seu a seu dono”, “A César o que é de César” e “Cada um tem o que merece” são, normalmente, ditos meio “da boca para fora” mas, bem vistas as coisas, bem que podiam evitar que a pequenez se apoderasse de certas pessoas que, por verem a relva do vizinho crescer mais verde e a galinha do lado ser melhor que a delas, insistem em pôr-se em bicos de pés para roubar um bocado do relvado do jardim do lado ou pedir a quem quer que seja para que lhes dêm uma galinha da mesma espécie, alegando que todos têm os mesmo direitos. Isso não faz sentido. Se temos uma relva mais fraquinha, há que tratá-la melhor ou ir à procura de melhores sementes. Se a nossa galinha é mais raquítica… se calhar é porque a alimentámos mal ou porque, talvez… seja essa a galinha que merecemos. Para falar a verdade, estou um bocado farto da máxima “se os outros têm… porque é que nós não podemos ter também?!”. Já cansa! Acho que a pequenez tem limites. E para mim, os limites estariam no limiar da “Tolerância Zero”. “Se és pequeno, cresce!”, apetece-me dizer, sempre que alguém se apresta para pular desalmadamente para dizer “Sou tão alto como tu! Olha tão alto que eu sou! Sou tão alto como tu! Já viste!?”. Não… Nem todos somos altos, nem todos somos pequenos. Mas nem uns têm de olhar de cima para baixo para os outros, nem esses têm permanentemente de pedinchar a sua “subida de nível”. Somos os que somos. E só seremos diferentes, maiores ou melhores… se merecermos sê-lo. Metam isso na cabeça as pessoas “pequeninas” deste mundo.

1 comentário:

Nothing more than me disse...

Muito bem! :-)


(Assin: APC, do blog Camuflagens)