domingo

Tchau 2006

Este ano...

... começou com um "nevão" que tornou o areal da Figueira da Foz numa espécie de encosta da Serra da Estrela, o que me fez lembrar que em 2007 passam 25 anos da minha última passagem pela Alemanha e que essa seria uma boa oportunidade para lá voltar.

... começou com muito (MUITO!) trabalho; durante a semana, dois empregos... o despertador a tocar de madrugada, os pequenos-almoços inexistentes, as viagens de comboio ainda hoje (e sempre) odiadas e só toleradas pela inevitável rendição ao cansaço e consequente sono dormido tanto na ida como no regresso, os almoços todos tomados "a correr", a alternância entre um trabalho que gostava muito e um que detestava solenemente nem sempre com bons resultados e, claro, uma fadiga tremenda; ao fim-de-semana, o... terceiro emprego, esse sim de um grande gozo e brio profissional, a fazer viver uma ambição antiga, que mais tarde haveria de dar frutos.

... vivi ilusões e desilusões, porque percebi que muitos dos ditos "profissionais" não passam de autênticos artolas com algum poder e que os verdadeiros profissionais são aqueles que cedo percebem que não sabem tudo e todos os dias tentam aprender algo de novo.

... tive um programa de rádio que durou pouco, que deu mais prejuízo e trabalho do que gozo mas que, ainda assim, deu gozo suficiente para recarregar baterias, para ensinar coisas que sei que alguém vai usar no futuro e perceber que o comunicador em mim, afinal, não tinha morrido.

... aceitei um enorme desafio profissional, não sabendo muito bem com o que contar e, por isso, optando por contar com pouco. Deixei "tudo" para trás (casa, vida pessoal, família - que só posso agora ver de tempos a tempos -, ... o passado...). O desafio não está ainda ganho mas o investimento está a dar "lucro" evidente. Pessoal e profissionalmente cresci imenso e penso que o futuro é agora claramente mais risonho.

... aprendi coisas com os melhores, assisti às intrigas dos piores, recebi elogios de quem não esperava receber, recebi críticas de quem não esperava sequer que me conhecesse (até apareci numa revista nacional, a "levar na cabeça" de uma mentecapta "crítica de televisão" - leia-se, aziada desempregada da televisão) e de quem esperava no mínimo camaradagem e não simples e reles "dor-de-cotovelo".

... fui Enviado Especial no estrangeiro pela primeira vez. Fui "chefe" pela primeira vez. Narrei (não li, narrei) lances de futebol pela primeira vez... e devo tê-lo feito bem, porque agora faço isso numa espécie de "segundo emprego" que já tenho. Ah... e um "terceiro emprego" pode estar a caminho.

... mudei de casa... três vezes! De Coimbra (por falar nisso, estou cheio de saudades do dia-a-dia da "minha" cidade...!) para Massamá (essa terra de grande progresso), depois para Oeiras e ainda para Porto Salvo. Custa tanto andar com a casa às costas!...

... iludi-me e desiludi-me com a minha escrita. Continuo a achar (narcisicamente, talvez) que merece algo mais que ecrãs de computador, mas o feedback tem sido praticamente nulo, mesmo quando a criatividade parece saltar-me pelas órbitas oculares e pelo canal auditivo, como nos filmes de desenhos animados.

... fui padrinho da minha sobrinha, que continua a arrebatar-me com tudo o que faz e (já) diz. O meu sobrinho foi baptizado no mesmo dia e é já um "atleta" com uma energia fantástica. Todos os dias me orgulho deles, mesmo que esteja longe.

... senti-me impotente para poder ajudar uma amiga que, ainda que decidida a safar-se sozinha (e bem capaz de o fazer), merecia ter mais apoio, nomeadamente meu.

... acaba para mim com esperança mas também medo. O mesmo medo que tinha à saída de Coimbra, o mesmo medo que senti à chegada a Lisboa, o mesmo medo do meu primeiro dia de trabalho, o mesmo medo que ainda hoje sinto em alguns serviços de maior responsabilidade, o mesmo medo que me faz tentar tomar todas as decisões da forma mais sensata (e menos emocional) possível. Um medo positivo, que me tem rendido ponderação, segurança e evolução.

... parece ter sido "só" trabalho. E, na verdade, foi quase. Mas não foi só trabalho e ainda bem que assim foi. A quem fez do meu ano um 2006 pessoalmente mais rico... muito e muito obrigado.

Agora acabou. Que venha 2007.

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